Um estudo da UFMG, publicado na revista Nutrition, demonstrou os danos causados pelo consumo excessivo de frutose, encontrada naturalmente em frutas, mel, leguminosas e vegetais (como beterraba, cebola e cenoura), mas que tem sido adicionada em muitos produtos industrializados, como refrigerantes, sucos industrializados, cereais matinais, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, sorvetes.
Pesquisas com animais de laboratório mostraram uma associação entre o excesso de frutose e processos inflamatórios. A partir desse achado, a equipe mineira realizou ensaios clínicos com mulheres saudáveis, que receberam um café da manhã padrão, acrescido de uma bebida rica em frutose, especialmente desenvolvida para o estudo. Amostras de sangue foram coletadas em jejum e em vários intervalos de tempo após a refeição.
Tempos depois, para efeito de comparação, foram oferecidos preparados de glicose e de sacarose, com intervalos de alguns dias entre cada um. Os exames de sangue também se repetiram nas duas ocasiões e os resultados mostraram que a frutose aumenta mais significativamente as concentrações de triglicérides e de leucócitos em comparação com glicose e sacarose. Triglicérides elevados aumentam o risco cardiovascular, enquanto leucócitos (nossas células de defesa) sinalizam inflamações.
Além disso, já se sabe que o excesso de frutose está relacionado à síndrome metabólica, que inclui altos níveis de glicose, colesterol, hipertensão e gordura abdominal. Consequentemente, há um aumento no risco do diabetes tipo 2, da obesidade, de esteatose hepática não alcoólica, que é o acúmulo de gordura no fígado, e ainda, de elevação dos níveis de ácido úrico no sangue, que pode levar ao desenvolvimento de Gota, mal por trás da inflamação nas articulações.
Mas, calma! Não é para sair por aí cortando toda a frutose do seu cardápio. Há uma enorme diferença entre a frutose que vem da natureza e aquela das gôndolas dos supermercados.
Nas frutas, os teores de frutose são muito menores e, além do mais, há uma porção de vitaminas, sais minerais, antioxidantes, compostos bioativos e fibras, um mix benéfico que não só diminui a velocidade de absorção da frutose como também ajuda a combater os processos inflamatórios.
Mas, infelizmente, as últimas pesquisas mostram que os brasileiros têm consumido cada vez menos frutas, verduras e legumes e, por outro lado, há um crescimento no consumo de ultraprocessados, que são ricos em todos os tipos de açúcar, incluindo a frutose que, na lista de ingredientes dos produtos industrializados, pode também vir com outras designações, como xarope de milho, açúcar de fruta ou a sigla HFCS (do inglês High Fructose Corn Syrup).
Fontes:
NEVES, Úrsula. O que é frutose: veja benefícios e se faz mal à saúde. EU Atleta, 02/04/2024. Disponível em: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/reportagem/2024/04/02/c-o-que-e-frutose-veja-beneficios-e-se-faz-mal-a-saude.ghtml. Acesso 19/01/2025.
PEREIRA, Regina Célia. Na fruta, sim, no suco de caixinha, não: frutose pode fazer mal ao coração. Viva Bem UOL, 19/01/2025. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2025/01/19/na-fruta-sim-no-suco-de-caixinha-nao-frutose-pode-fazer-mal-ao-coracao.htm. Acesso: 19/01/2025.
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