Amamentação e doenças autoimunes/autoinflamatórias

Agosto Dourado é dedicado a ações que visam estimular e apoiar o aleitamento materno. Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no mundo, apenas 4 em cada 10 crianças são amamentadas exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida (44%) e, especificamente na região das Américas, essa taxa é de 38%. Uma das metas globais de amamentação é de 50% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida até 2025.

A amamentação exclusiva até os 6 meses traz muitos benefícios para o bebê e a mãe, principalmente no que no que se refere à proteção contra infecções gastrointestinais. Ainda, o início precoce do aleitamento materno, dentro de 1 hora após o nascimento, protege o(a) recém-nascido(a) de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal. O risco de mortalidade devido à diarreia e outras infecções pode aumentar em bebês que são parcialmente amamentados ou que não amamentaram.

O leite materno também é uma fonte importante de energia e nutrientes para crianças entre 6 meses e 2 anos: fornece metade ou mais das necessidades de energia de uma criança entre 6 meses e 1 ano e um terço das necessidades de energia entre 1 e 2 anos. Também crianças e adolescentes que foram amamentados quando bebês têm menor probabilidade de apresentar sobrepeso ou obesidade. E, além disso, têm melhor desempenho em testes de inteligência e têm frequência escolar superior. A amamentação está associada ainda a maior renda na vida adulta.

Mas o tema do aleitamento frequentemente causa dúvidas em mulheres em tratamento para doenças reumatológicas: “Doutor(a), vou poder amamentar meu bebê?” A resposta: É bem POSSÍVEL... Só é preciso planejamento para prever alguns cuidados com a saúde da mãe e do bebê. E isso talvez implique ajuste de dose, troca ou interrupção dos medicamentos em uso.

Via de regra, algumas medicações podem ser mantidas durante a amamentação, como os AINEs, prednisona, hidroxicloroquina, sulfassalazina, azatioprina, ciclosporina, certolizumabe e tacrolimus. Outros medicamentos têm recomendação condicional, como infliximabe, etanercepte e adalimumabe. E outros, devem ser interrompidos, como leflunomida, ciclofosfamida, metotrexato, micofenolato, rituximabe, belimumabe, abatacepte, golimumabe, tocilizumabe, secuquinumabe e ustequinumabe.

Mas claro, todo o processo, desde a gestação até a pós-amamentação, deve ter sempre o acompanhamento do(a) obstetra e do(a) reumatologista, pois é a saúde de mãe e recém-nascido(a) que está em jogo.

Já sabemos que a prática do aleitamento está relacionada a inúmeros benefícios, uma vez que o leite materno tem todos os nutrientes de que o bebê precisa até os 6 meses de vida, protegendo-o contra doenças. Mas, além disso, de acordo com a OPAS, o aleitamento de longa duração também contribui para a saúde e o bem-estar da mãe, pois reduz o risco de câncer de ovário e de mama. Ainda, a amamentação também fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho. E isso, para a mãe reumática, assim como para todas as outras mães, É POSSÍVEL! 

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Fontes: 
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde
SBR - Sociedade Brasileira de Reumatologia
SCR - Sociedade Catarinense de Reumatologia