Sarcopenia

Com o passar dos anos, é comum que as pessoas percam massa muscular e, consequentemente, força nos músculos e também capacidade física para realizar movimentos com eficiência como, por exemplo, fazer uma caminhada. É a Sarcopenia, condição descrita em 1988 por Irwin Rosemberg, da Universidade de Boston.

Essa condição afeta 15% da população acima de 60 anos e 46% se considerados apenas os indivíduos com mais de 80 anos. E se levarmos em conta que, segundo levantamento da ONU, em 2030 teremos 202 milhões de pessoas com mais de 80 anos, poderemos chegar a 92 milhões de pessoas com Sarcopenia!!

Mas embora seja comumente descrita como um processo natural do envelhecimento, alguns outros fatores também contribuem para o surgimento ou agravamento da Sarcopenia, como:

  • diabetes, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica;
  • uso de alguns tipos de medicamentos que aceleram a perda de massa e da função muscular;
  • mudanças hormonais importantes, como queda nos níveis de testosterona, estrogênio ou do hormônio do crescimento;
  • deficiência de vitamina D;
  • perda de neurônios que estimulam os músculos;
  • deficiência na ingestão de proteínas, o que causa diminuição da capacidade do corpo em converter proteínas em energia;
  • hábitos alimentares inadequados, pois um dos grandes inimigos dos músculos é a gordura corporal, que intoxica e inflama os músculos. 

A Sarcopenia pode comprometer o equilíbrio, a coordenação motora e, em alguns casos, afetar a autonomia do idoso, impactando diretamente na sua qualidade de vida pois pode causar quedas, fraturas e, em casos muito graves, até mesmo a morte.

O grupo que corre risco mais alto de Sarcopenia incapacitante é o daqueles que enfrentam períodos longos de inatividade, causados por doenças debilitantes, consolidação de fraturas e hospitalizações. Há uma estimativa aproximada de que a imobilidade dos mais velhos em leitos hospitalares provoque a perda de até 2% da massa muscular por dia: numa internação de 15 dias, por exemplo, a perda já seria de 30% !


Tratamento

O tratamento da Sarcopenia envolve medicamentos, mas também atividade física e nutrição. Exercícios físicos aeróbicos (andar, correr, etc.), treinos de resistência e de equilíbrio atuam positivamente sobre a força e a massa muscular, além de reativar os neurônios motores. Uma pesquisa feita com mais de 400 mulheres na pós-menopausa, durante um ano, concluiu que aquelas que realizaram atividade física como ciclismo, corrida ou caminhada por cinco vezes na semana tiveram um aumento da massa muscular. 

É importante destacar a importância de buscar ajuda de um educador físico e fazer acompanhamento médico antes de começar a se exercitar. É necessário um check-up da saúde de forma geral e dos indicadores de Sarcopenia. A atividade deve respeitar a aptidão física atual da pessoa e ser personalizada de acordo com as deficiências ou limitações musculares.

alimentação saudável também desempenha um papel importante na construção da massa muscular. Alguns nutrientes são essenciais para manter a saúde muscular ou aumentar os benefícios do exercício físico. Os idosos precisam incluir mais proteína na dieta, consumindo com mais frequência alimentos de origem animal, como carnes magras, aves, peixes e ovos, além de leite, iogurtes, queijos e leguminosas como feijão, grão-de-bico, ervilha, vagem e soja.  Os portadores de doenças crônicas esse consumo deve ser maior.

Já a vitamina D é um nutriente bastante importante para os idosos, mas seus níveis tendem a diminuir com o envelhecimento, seja por causa da falta de ingestão de alimentos ricos nessa vitamina, seja por causa da falta de exposição ao sol. A vitamina D ajuda a absorver o cálcio no organismo, importante na composição dos ossos, contribuindo assim para manter a estrutura do esqueleto saudável. 

A falta de vitamina no organismo está associada com a perda óssea, com o aumento do risco de quedas e fraturas e com a diminuição da força muscular. O ideal é consumir de duas a três porções de alimentos com vitamina D por dia, como peixes gordos (salmão ou sardinha), leite e seus derivados e ovos. Se for necessário, pode-se recorrer aos suplementos tanto de vitamina D como os suplementos alimentares, que podem e devem ser utilizados quando a ingestão mínima recomendada não é atingida pela alimentação.

Já o tratamento com medicamentos envolve Miostatina, que atua nas células musculares, Testosterona, voltada para o aumento da resistência, do poder e da função da massa muscular, SARM (selective androgen receptor modulators), Hormônio de crescimento (GH) e Grelina, para o aumento da massa e da força muscular, Perindropil, que atua no aumento da capacidade do indivíduo de andar e reduz a frequência de fraturas de quadril e Tirasemtiv, que melhora a resistência muscular e retarda a fadiga, entre outros.

Faz parte do tratamento, ainda, um sono de qualidade. O sono é essencial para a recuperação muscular e para a síntese de proteínas. Ter uma boa qualidade de sono significa dormir de 7 a 9 horas por noite.



 

Referências

CERQUETANI, Samantha. Sarcopenia afeta a força muscular; veja como combater problema na 3a. idade. UOL (Viva Bem), 10/07/2020. Disponível em: http://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/07/10/sarcopenia-afeta-a-forca-muscular-veja-como-combater-problema-na-3-idade.htm. Acesso: 21/04/2023. 

RUIZ, Silvia. Sarcopenia: como evitar a perda de força e musculatura depois dos 50 anos. UOL (Viva Bem), 07/04/2023. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/ageless/2023/04/07/sarcopenia-como-evitar-a-perda-de-forca-e-musculatura-depois-dos-50.htm. Acesso: 21/04/2023. 

VARELLA, Drauzio. Músculos fracos (sarcopenia). Portal Drauzio Varella, 11/08/2020. Disponível em: http://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/musculos-fracos-sarcopenia-artigo/. Acesso: 25/09/2023.