Meningite e imunocomprometidos: a importância da vacinação

A meningite é uma doença inflamatória das meninges, que são membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pessoas de todas as idades podem desenvolver a doença, mas é mais comum entre crianças e adolescentes. Entretanto, para os imunocomprometidos, como os pacientes imunossuprimidos e pessoas com doenças autoimunes, como algumas reumáticas, o risco é maior em qualquer idade.

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, isto é, casos são esperados ao longo de todo o ano: as meningites bacterianas são mais comuns no outono e inverno e as virais, na primavera e no verão. Fungos e/ou parasitas também podem causar a doença, mas não é tão comum de acontecer.

A meningite viral, em geral, apresenta evolução benigna, com sintomas mais leves. Em 85% dos casos, os enterovírus são responsáveis pela doença. Essa tipo de vírus, aliás, é responsável por várias outras doenças frequentes em crianças.  A transmissão ocorre geralmente de pessoa para pessoa, por meio da via fecal-oral (fezes-boca) e, às vezes, por via respiratória por meio de gotículas de saliva.
Para a meningite viral não existe uma vacina e nem tratamento específico, que geralmente requer apenas terapia de suporte.

Já a meningite bacteriana costuma ser mais severa e com evolução mais rápida. A doença meningocócica (DM) é o principal objetivo de vigilância entre as meningites bacterianas, em função de suas altas taxas de transmissão e de mortalidade. A DM é causada por uma bactéria que possui diversos sorogrupos, sendo os mais frequentes o A, B, C, Y e W. A transmissão ocorre através do contato direto pessoa a pessoa, por meio de secreções respiratórias de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes.

A boa notícia é que a meningite bacteriana pode ser prevenida com vacina. Acontece que a baixa cobertura vacinal no Brasil é considerada um dos grandes fatores para o avanço da doença no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil protegeu apenas 46,5% do público-alvo em 2022, uma queda de cerca de 40% em cinco anos. Não à toa, em 2022 tivemos um surto da doença em várias cidades brasileiras, com quase 6.000 casos confirmados e mais de 700 óbitos.

Por isso, é muito importante que pacientes imunocomprometidos, como pacientes imunossuprimidos, pessoas portadoras de doenças sistêmicas (lúpus, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, Sjögren, artrite idiopática juvenil, entre outras), transplantados, entre outros, estejam com as vacinas sempre em dia.

Para esses pacientes, as vacinas estão indicadas para todas as idades e estão disponíveis nos CRIEs (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais). Consulte aqui a localização dos CRIEs em todo o Brasil. Onde não houver esses Centros, o atendimento ocorrerá na UBS. São oferecidas 5 vacinas contra 3 bactérias que causam a meningite: 
  • meningococo: vacinas meningocócica conjugada Cmeningocócica ACWY
  • pneumococo: vacinas pneumocócica 10-valente e pneumocócica 13-valente;
  • Haemophilus influenzae tipo B: vacina HIB

Consulte aqui os critérios para disponibilização dessas vacinas. Para chegar aos CRIEs, é necessário ter encaminhamento de médicos e/ou enfermeiros das redes pública ou particular e levar um formulário, que equivale ao pedido médico, contendo diagnóstico e exames comprobatórios da doença. Levar, ainda, cartão do SUS e caderneta de vacinação. Consulte aqui o fluxo de atendimento aos pacientes.

Crianças e adolescentes entre 2 meses e 14 anos já têm um calendário de vacinação regular definido pelo Ministério da Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 7 vacinas contra 4 bactérias que causam a meningite: 
  • meningococo: vacinas meningocócica conjugada C (crianças de 3 meses a 5 anos de idade) e  meningocócica ACWY  (adolescentes entre 11 e 12 anos de idade);
  • pneumococo: vacinas pneumocócica 10-valente (crianças com até 5 anos de idade), pneumocócica 13-valente pneumocócica 23-valente (para crianças e adolescentes  com doenças crônicas ou condições de saúde que justifiquem a vacinação);
  • Haemophilus influenzae tipo B: vacina HIB (para crianças até 7 anos de idade) e
  • bacilo da tuberculose: vacina BCG (logo ao nascer).

Já para adultos sem nenhuma condição de saúde importante, a vacinação será considerada somente em situações de risco, como surtos da doença ou em caso de viagens para locais onde há risco de transmissão.

A meningite é uma doença grave, que pode levar à morte e deixar diversas sequelas. Por isso, não descuide da vacinação.