Sexo e Artrite

A sexualidade é uma parte integrante do ser humano e está ligada à nossa qualidade de vida e nossa identidade. No entanto, conviver com dor, rigidez, fadiga, força diminuída, depressão associada à artrite pode reduzir a capacidade de expressão e prazer sexual, independentemente da identidade sexual do(a) indivíduo. 

Aqueles afetados por algumas formas de doença reumática, como Lúpus, Fibromialgia, Esclerodermia, Osteoartrite, Artrite reumatoide, Síndrome de Sjögren, Espondilite anquilosante, Fenômeno de Raynaud e Artrite juvenil podem experimentar diminuição do senso de atração, de desejo e de satisfação sexual, maior sensibilidade ao ser tocado(a), secagem vaginal, incapacidade de ter um orgasmo ou diminuição da sensação orgástica, disfunção erétil ou impotência.

Além dos efeitos físicos da doença, a pessoa com doenças reumáticas tem de conviver com os medicamentos utilizados em seus tratamentos e, consequentemente, com os efeitos colaterais que eles produzem. Há alguns casos de impotência erétil relatados em pessoas tratadas com metotrexato, sulfassalazina ou hidroxicloroquina. Alguns, como o corticoide, podem facilitar a retenção de líquido, provocar inchaço e até aumentar a gordura em algumas regiões do corpo, como o abdômen. Outras drogas podem interferir na libido, por exemplo, diclofenaco e naproxeno. A perda do desejo e dificuldades com orgasmo também são efeitos colaterais comuns de medicamentos antidepressivos.

Há também o impacto emocional que as doenças causam.  As possíveis deformidades, a mudança na aparência, o ganho ou perda de peso ou a diminuição na mobilidade ou energia pode afetar a autoestima, a autoimagem, o modo como a pessoa se vê. A pessoa com artrite pode se sentir menos desejável ou mais frágil. O medo da dor pode provocar ansiedade, o que dificulta o relaxamento e o prazer sexual ou fazer com que os parceiros sexuais se preocupem em causar dor.

Por essas razões é que se faz necessário abordar os efeitos emocionais de forma aberta e honesta com o(a) parceiro(a). Expressar os medos e preocupações pode proporcionar ao(à) parceiro(a) a oportunidade de oferecer tranquilidade e apoio. É importante não deixar que um possível desconforto em discutir essas questões atrapalhe a vida sexual e, a partir daí, conversar abertamente  com o(a) parceiro(a) para encontrar as posições que dão a ambos a maior quantidade de prazer com a menor quantidade de desconforto. Com um pouco de criatividade, paciência e planejamento, os indivíduos afetados pela artrite podem descobrir e redescobrir os prazeres da intimidade sexual.

Pensar também algumas estratégias pode ser eficiente antes do ato sexual, por exemplo, planejar com antecedência o sexo, pensando nos momentos do dia em que é provável que você esteja mais descansado ou sem rigidez. Considere, ainda, tomar um banho quente ou usar uma almofada/bolsa aquecida para ajudar a aliviar a rigidez e acalmar as articulações e músculos durante o ato sexual, usar travesseiros como apoio para as articulações, fazer uso de seu remédio para dor no momento certo para que o efeito máximo do medicamento ocorra durante o sexo, receber massagens para ajudar a relaxar músculos e articulações, mesmo como uma forma de preliminares. Mulheres com artrite podem experimentar secura vaginal, tornando a estimulação manual desconfortável ou a penetração dolorosa. Isto pode ser aliviado por géis lubrificantes à base de água.

Por fim, não tenha receio de procurar ajuda médica, psicológica e terapêutica. Um terapeuta ocupacional, por exemplo, pode ajudar no posicionamento, gerenciamento da dor, modificação das rotinas diárias, gerenciamento da fadiga e muito mais.

Lembre-se, o sexo não é simplesmente alcançar um orgasmo rápido com um(a) parceiro(a). Uma abordagem mais lenta pode se mostrar satisfatória para parceiros que compartilham respeito mútuo, carinho, confiança e amor. Explorar formas de devolver prazer pode construir excitação e intimidade. Comece a superar barreiras, deixando seu(sua) parceiro(a) saber se algo é desconfortável, bem como o que é particularmente agradável.



Fonte: 

AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY. Sex and Arthritis, dez/2020. Disponível em http://www.rheumatology.org/I-Am-A/Patient-Caregiver/Diseases-Conditions/Living-Well-with-Rheumatic-Disease/Sex-Arthritis. Acesso: 30/04/2022.