Artrite hansênica

A Hanseníase é uma doença infecciosa, transmissível e que afeta, principalmente, a pele e os nervos. A artrite é a terceira manifestação mais comum da doença, ao que se chama Artrite Hansênica (leia mais sobre a doença aqui).

A Hanseníase é causada por uma bactéria que já está muito acostumada com o ser humano, a Mycobacterium leprae. A transmissão da doença se dá pelo ar, principalmente em situações de contato próximo. Apesar disso, estima-se que 90% da população possua defesa natural (imunidade) contra a bactéria, mas 10% dessa população não tem esses mecanismos de defesa e, por isso, podem adoecer.

No Brasil, cerca de 30 mil novos casos de Hanseníase são detectados todos os anos. Segundo Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no início de 2021, de todos os casos registrados no mundo em 2019, 93% estavam nas Américas e, desses, 93% foram no Brasil. Isso coloca o país no segundo lugar na relação de países com o maior número de casos no mundo!

A doença se manifesta na pele em 95% dos casos, com manchas que podem ser esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas; também podem surgir caroços e áreas vermelhas mais elevadas. A característica mais importante destas lesões é a perda de sensibilidade local ao calor, ao frio, à dor e/ou ao toque. Há outros sintomas comuns, como sensação de formigamento e dormência. É muito importante dizer, no entanto, que tocar a pele de um portador de Hanseníase NÃO transmite a doença!

Além das lesões na pele, podem ocorrer diminuição ou queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas, sensação de nariz entupido, pele e olhos ressecados, febre e mal-estar geral. Há também manifestações reumáticas muito comuns durante o curso da doença, com inchaço e dor nas mãos, pés e articulações (como do cotovelo e do joelho), levando o(a) paciente a desenvolver artrite, diminuição da sensibilidade e/ou perda da força muscular, principalmente dos pés e mãos.  Inclusive, alguns casos são primeiramente investigados como se fossem uma doença reumatológica.

Se houver um ou mais desses sinais e sintomas, é importantíssimo procurar ajuda médica em um posto de saúde mais próximo para que se iniciem os primeiros exames. A Hanseníase tem cura, com tratamento (antibióticos) e acompanhamento gratuitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), normalmente nos postos de saúde (UBS) ou pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF).

Em caso de diagnóstico confirmado para Hanseníase, é preciso orientar as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular (familiares, amigos, colegas de trabalho) a também irem ao médico para serem examinadas. É importante esclarecer, ainda, que não há necessidade de nenhuma medida higiênica em relação à doença. Antigamente, os pacientes ficavam reclusos em leprosários, mas, hoje em dia, o tratamento é muito mais eficaz e isso não é necessário. A partir do momento em que o paciente começa o tratamento, a partir da primeira dose ele já é praticamente não contagiante. Então, não é necessário separar talheres e outros objetos da casa.

O cuidado mais importante a ser tomado pelo portador da doença é iniciar e continuar o tratamento assim que a doença for diagnosticada. Ao fazer isso, o paciente deixa de transmitir a doença para outras pessoas e também alcança a cura definitiva, não permitindo o retorno da doença. Quanto antes o tratamento for iniciado, menor o risco de sequelas.





Referências

MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico - Hanseníase 2021, n. Especial, Jan. 2021. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-epidemiologico-hanseniase-2021. Acesso: 25/01/22.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Janeiro Roxo - Vamos falar sobre a Hanseníase? Disponível em: http://www.sbd.org.br/janeiroroxo/. Acesso: 25/01/22.