Baixa temperatura afeta pessoas com doenças reumáticas

Os portadores de Artrite Reumatoide, Fibromialgia, Lúpus, Artrose, Lombalgia e tantas outras doenças que afetam cartilagem e articulações já sabem: é só o frio chegar que a dor aparece para os cerca de 20 milhões de brasileiros que têm algum tipo de doença reumática. Mas, se há alguma boa notícia aqui, é a de que a(s) doença(s) em si não piora(m) com o inverno ou temperaturas baixas.

“Não existem evidências de que a inflamação se intensifique ou de que a lubrificação das juntas seja prejudicada, como diz a sabedoria popular”, aponta José Eduardo Martinez, reumatologista da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

O que acontece é que “quando a temperatura cai, os nossos músculos e tendões em volta da articulação ficam mais contraídos e um pouco mais rígidos. Então, depois que a gente fica um tempo parado e sentado na cadeira e vai levantar, essa musculatura e os tendões mais rígidos estiram de maneira mais intensa por causa da contração e isso acaba gerando um pouquinho mais de dor”, lembra o reumatologista Murillo Dório, da Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra.

Outro aspecto que muda com o inverno é a circulação, pois as veias e artérias ficam mais apertadas. “Essa vasoconstrição pode gerar espasmos musculares e sensação de dor”, destaca Martinez. Os sintomas são mais intensos nas articulações periféricas, como os pés e as mãos, nas quais a temperatura corporal é menor, sobretudo se a pessoa também tiver alguma insuficiência circulatória que afete tais artérias e/ou veias.

Para reduzir a sensação de maior intensidade da dor diante das baixas temperaturas, recomenda-se manter-se bem protegido contra o frio, com agasalhos apropriados, e recorrer a banhos de água morna e ao uso de bolsas térmicas nas áreas doloridas. “O calor descontrai músculos, tendões e ligamentos, aliviando a pressão sobre as articulações e favorecendo a circulação sanguínea”, justifica o reumatologista Fernando Neubarth.

Atividades físicas de baixo impacto, como caminhadas, também são muito importantes pois além de promover aquecimento, também ajudam a manter a lubrificação adequada das articulações, reforçando os músculos que as sustentam, diz Neubarth. Exercícios de alongamento igualmente são importantes, prossegue ele, pois mantêm o tônus, a flexibilidade e a amplitude dos movimentos. Para Martinez, é preciso praticar "atividade física compatível com a capacidade de cada um", pois além de melhorar "o estado dos músculos e a circulação", a atividade física "atua na regulação do sono e do humor, fundamentais para o controle da dor".

Outros hábitos "analgésicos", por assim dizer, envolvem manter uma alimentação equilibrada, vestir roupas quentinhas e tomar banhos com água morna. E não abusar de medicamentos sem consultar antes um médico, pois podem perder a eficácia quando usados de maneira abusiva. “Muitos remédios, se ingeridos indiscriminadamente, podem ter efeitos colaterais importantes”, alerta Martinez.


Fontes:

PINHEIRO, Chloé. Reumatismo não piora no frio, mas as dores aumentam. E agora? Veja Saúde, 12 nov 2020. Disponível em: http://saude.abril.com.br/medicina/reumatismo-nao-piora-no-frio-mas-as-dores-aumentam-e-agora/. Acesso: 29/08/2021.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. O impacto do frio em pacientes reumáticos. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/o-impacto-do-frio-em-pacientes-reumaticos/. Acesso: 29/08/2021.

PORTAL EBC. Baixa temperatura afeta pessoas com doenças reumáticas. Tarde Nacional, EBC Rádios, 25 jun 2021. Disponível em: http://radios.ebc.com.br/tarde-nacional/2021/06/baixa-temperatura-afeta-pessoas-com-doencas-reumaticas. Acesso: 29/08/2021.