Breve história do Lúpus Eritematoso Sistêmico

* A primeira descrição clara de LES é creditada a Laurent-Theodore Biett (Figura 1), da escola de dermatologia de Paris, que chamou de “eritema centrifugum”;

* Em 1833, seu aluno Pierre Louis Alphee Cazenave publicou um estudo no qual já nomeava a doença como “lúpus eritematoso” e a descrevia como uma condição rara que acometia, principalmente, a face de mulheres jovens;

* Em 1866, Ferdinand von Hebra usou a metáfora de asa de borboleta para descrever a erupção malar da doença, metáfora essa utilizada ainda hoje;

* Entre 1895 e 1904, William Osler observou 29 pacientes que apresentaram outras alterações sistêmicas associadas às lesões de pele. Apenas dois desses pacientes, provavelmente, tinham realmente LES, mas seu estudo foi muito importante por mostrar a associação do envolvimento da pele com acometimento de diversos outros órgãos;

* A partir de 1948, exames laboratoriais foram introduzidos para o diagnóstico da doença a partir da descoberta das células LE, feita pelo hematologista Malcolm Hargraves durante avaliação da medula óssea de um paciente com LES;

* Em 1949, dois pesquisadores independentes descobriram que a incubação de células da medula óssea de pacientes sadios em contato com células de pacientes com lúpus levava à formação da “LE cells”. Quase dez anos depois, foi observado que essa reação se tratava da formação de um autoanticorpo, chamado anticorpo antinúcleo (ANA) ou fator antinúcleo (FAN). A partir daí, os avanços progressivos levaram a uma evolução no diagnóstico e também no tratamento da doença;

* Em 1954, a eficácia da ciclofosfamida no LES foi relatada por Dubois. Em 1978, foi demonstrada a eficácia da ciclofosfamida oral e, em 1992, também foi confirmado seu benefício por via endovenosa;

* Em 1967, a eficácia da azatioprina é reportada;

* Desde 1970, o micofenolato, inicialmente usado para prevenir rejeição de transplante renal, teve seu uso estabelecido para o LES e, desde 2005, para a nefrite lúpica;

* A partir de 1981, a ciclosporina também teve seu uso descrito para LES, com melhores resultados demonstrados na nefrite lúpica membranosa;

* Em 1997, o tacrolimo foi inicialmente utilizada para o LES e estudos asiáticos recentes têm demonstrado efeito promissor na redução da proteinúria;

* No final do século XX, deu-se início a uma nova era no tratamento do LES com o desenvolvimento das terapias biológicas. A primeira droga imunobiológica registrada para tratamento do LES foi o belimumabe. Atualmente, há estudos com diversas outras drogas, como outros anti-CD20, terapias com alvo em citocinas inflamatórias, linfócitos B e T, interferon e sinalizadores intracelulares.

 




Fonte:

DIAS, Ana Flávia M. de P. et al. A história do lúpus eritematoso sistêmico. REUMATOMINAS, n. 3, 2020, p. 5-7.