Olhos e doenças reumáticas (3) - Ceratite ulcerativa

Como dissemos no "primeiro capítulo" dessa série sobre olhos e doenças reumáticas, o envolvimento dos olhos faz parte de manifestações extra-articulares de muitas doenças reumáticas e, por isso, é muito importante conhecer essas manifestações oculares para buscar, o quanto antes, tratamento correto para manter a saúde dos olhos.

Nesse "terceiro capítulo", de um total de cinco, falaremos sobre a Ceratite ulcerativa periférica, condição caracterizada por inflamação grave da córnea periférica. 

A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho. Permite a entrada da luz e executa dois terços das tarefas de foco e nitidez e, por isso, alterações na córnea prejudicam a visão. 

A Ceratite ulcerativa periférica costuma ser uma manifestação de doença inflamatória sistêmica, especialmente, a Artrite reumatoide. Além da AR, podem estar envolvidos Poliarterite nodosaPolicondrite recidivanteGranulomatose com poliangiíte e Granulomatose eosinofílica com poliangiíte.

Os pacientes frequentemente apresentam olho vermelho e se queixam de dor nos olhos, fotofobia (sensibilidade à luz), diminuição da visão e sensação de corpo estranho. Em casos mais graves, pode haver perfuração da córnea e perda de visão.

O tratamento é baseado na gravidade dos sintomas na córnea e na extensão da doença. Inclui inicialmente corticoide tópico,  mas no caso de não haver resposta ao tratamento ou no casos graves, o uso de corticoides sistêmicos, como a prednisona, pode ser necessário. A prescrição de imunossupressores, como a ciclofosfamida, metotrexato ou ciclosporina, podem ser utilizados para os casos muito graves, como risco de perda da visão. Do mesmo modo, em casos de difícil controle,  também podem ser prescritos medicamentos biológicos, como rituximabe ou infliximabe.

A busca rápida por tratamento fará toda a diferença para a manutenção da saúde dos olhos! 



Referências

PEREIRA, Ivanio Alves; SKARE, Thelma Larocca. O olho nas doenças reumáticas. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019.