Anticorpos monoclonais


O sistema imunológico exerce a função de defesa contra "invasores" de nosso organismo (os antígenos) e isso ocorre por meio da atividade de uma classe de glóbulos brancos, os linfócitos. Existe um tipo de linfócito, o chamado linfócito B, que se destaca por sua resposta imunológica, realizada a partir dos anticorpos. Esses anticorpos ligam-se de forma muito específica aos "invasores", contra os quais foram "produzidos" para neutralizá-los ou, ainda, destruí-los. 

Os anticorpos produzidos naturalmente são, em geral, policlonais, ou seja, são produzidos por vários clones dos linfócitos B. Mas cada um desses clones reconhece apenas uma parte diferente do "invasor", o que os torna menos eficiente. Atualmente, entretanto, a partir de células vivas, é possível produzir em laboratório anticorpos monoclonais, isto é, derivados de um único clone de linfócitos.





Esses anticorpos monoclonais, ao contrário dos policlonais, funcionam como mísseis teleguiados, que localizam o "invasor" de forma muito certeira. Assim, podem neutralizar ou destruir células tumorais, inativar enzimas, estimular ou silenciar receptores, ligar ou desligar funções fisiológicas e interromper processos patológicos. Por essa razão, têm grande aplicação na oncologia, na prevenção da rejeição de transplantes e no tratamento de doenças autoimunes, como algumas reumáticas.

O primeiro anticorpo monoclonal produzido comercialmente surgiu em 1986 e, inicialmente eram produzidos a partir de células de camundongos e, por isso, eram chamados de murinos. Posteriormente, foram criadas moléculas mistas, isto é, com fragmentos murinos e humanos, as quais foram chamadas de quiméricas; e, finalmente, surgiram as moléculas totalmente humanas.

Os anticorpos monoclonais recebem nomes que terminam com -mabe (derivado do inglês mab, de monoclonal antibody). Já a antepenúltima sigla revela o tipo de molécula, por exemplo: “zu” é de “humanizada”; "xi" de quiméricos. Na sequência vem o termo que identifica o alvo: “tu” é de tumor; "li" ou "lim" de imunológicos. E o prefixo inicial é de livre escolha. 

Exemplos:

Produtos 

Principal indicação 
Oncológicos 
Alemtuzumabe (Campath®) 
Leucemia crônica 

Bevacizumabe (Avastin®) 
Câncer colorretal 

Cetuximabe (Erbitux®) 
Câncer colorretal 

Rituximabe (Mabthera®) 
Linfoma não-Hodgkin 

Trastuzumabe (Herceptin®) 
Câncer de mama 
Imunológicos 
Adalimumabe (Humira®) 
Artrite reumatoide 

Infliximabe (Remicade®) 
Artrite reumatoide 

Golimumabe (Simponi®) 
Artrite reumatoide 

Natalizumabe (Tysabri®) 
Esclerose múltipla 

Omalizumabe (Xolair®) 
Asma 
Fonte: INTERFARMA (2012)


Uma variante inovadora dos anticorpos monoclonais surgiu a partir da combinação de frações de anticorpos com receptores de substâncias envolvidas em certas enfermidades. Essas combinações são chamadas de proteínas de fusão e recebem em seus nomes o sufixo -cepte (de receptor).




Referências

INTERFARMA. O que são anticorpos monoclonais? In. INTERFARMA. Entendendo os medicamentos biológicos. São Paulo, INTERFARMA, 2012, p. 12-13.

SPONCHIATO, Diogo. O que é um anticorpo monoclonal? SAÚDE. Disponível em:  http://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-um-anticorpo-monoclonal/. Acesso: 05/12/19.