Osteoporose

A Osteoporose afeta 200 milhões de pessoas no mundo, 10 milhões só no Brasil, segundo o estudo "The Burden of Osteoporosis in four Latin American countries: Brasil, Mexico, Colombia and Argentina". 


O que é? Quem é afetado(a)?

Os ossos estão em constante processo de regeneração. O próprio corpo humano, ao longo do tempo, acaba por reabsorver seus ossos antigos (o que é chamado de reabsorção óssea) e por "substituí-los" por novos ossos (formação óssea). 

Mas, a partir dos 35 anos*, mais ou menos, a maioria das pessoas começa a perder lentamente mais massa óssea do que consegue substituir e, como resultado, os ossos se tornam mais frágeis, finos e fracos, o que deixa a pessoa mais vulnerável para ocorrências de fraturas. O desequilíbrio, portanto, entre o ganho e a perda óssea ocasiona a Osteoporose.

Trata-se de uma doença sistêmica do esqueleto que atinge, especialmente, mulheres após a menopausa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 35% das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras da doença. E, ainda que seja menos comum, estima-se que um homem branco de 60 anos tenha 25% de chance de ter uma fratura osteoporótica.



Fatores de risco para a doença

Há um conjunto de fatores que favorece a perda de massa óssea e influencia no desenvolvimento da Osteoporose. Alguns desses fatores podem ser modificados, outros não.

Fatores não modificáveis:

1. Sexo feminino;

2. Raça branca;

3. Envelhecimento: nessa fase da vida ocorre, geralmente, imobilismo, alimentação inadequada, deficiências hormonais, redução da exposição ao sol, uso de medicamentos que diminuem a capacidade do corpo de absorver e depositar o máximo de cálcio nos ossos e redução das concentrações de vitamina D. Tais fatores levam à perda de massa óssea;

4. Hereditariedade: a Osteoporose é mais frequente em pessoas com antecedentes familiares da doença, principalmente pais com histórico de fraturas;

5. Deficiência de hormônios sexuais: para a mulher, com a interrupção da menstruação, ocorre a diminuição dos níveis de estrógeno, hormônio de grande importância para a absorção de cálcio. Com a queda da produção desse hormônio e, consequentemente, a queda na absorção do cálcio, ocorre a aceleração da perda óssea, sobretudo nos primeiros 5 a 10 anos pós-menopausa. Nos homens, é também o estrógeno o principal responsável pela perda de massa.

Fatores modificáveis:

6Dieta pobre em cálcio: o cálcio é fundamental na formação óssea e a obtenção desse mineral a partir da alimentação é imprescindível para prevenir a Osteoporose. Sua falta, aliada à diminuição das concentrações de vitamina D, levam a uma hiperfunção das glândulas paratireoides, com aumento das concentrações de paratormônio (PTH), hormônio responsável por estimular a reabsorção óssea;

7. Deficiência de vitamina D: embora seja chamada de vitamina é, na verdade, um hormônio que promove a absorção de cálcio pelo corpo.

8Excesso de fumo e álcool: tem-se observado maior incidência de Osteoporose entre pessoas que consomem álcool (mais de 3 doses/dia) e fumo em excesso. Alguns estudos demonstram que o álcool aumenta os níveis de paratormônio, também responsável equilibrar a quantidade de cálcio e fósforo no organismo, além de agir diretamente no fígado, um dos órgãos responsáveis por ativar a vitamina D. Já a nicotina inibe a formação óssea e o monóxido de carbono, principal substância do cigarro, é extremamente venenoso, pois reduz em até 15% a capacidade do sangue de transportar oxigênio, o que provoca a redução da densidade dos ossos, tornando-os mais frágeis.

9. Sedentarismo, ou seja, não realizar exercícios físicos com frequência, reduz a carga mecânica sobre os músculos e ossos, o que inibe a formação óssea.


Há também outros fatores que favorecem o aparecimento da chamada Osteoporose secundária, ou seja, quando a perda de massa óssea está relacionada a outras doenças:

9Doenças endócrinas: Hiperparatireoidismo, Hipertireoidismo, Hipogonadismo, Síndrome de Cushing;

10Doenças gastrointestinais e hepáticas: Doença celíaca, Doença inflamatória intestinal, Insuficiência pancreática, Insuficiência hepática, Cirrose biliar primária, Insuficiência renal crônica;

11Doença pulmonar: Doença pulmonar obstrutiva crônica;

12Doenças inflamatórias sistêmicas: Artrite reumatoide, Espondilite anquilosante, Lúpus;

13Desordens do sistema nervoso central: Epilepsia, Esclerose múltipla, Doença de Parkinson;

14Doenças hematológicas: Mieloma múltiplo, Leucemias e linfomas, Hemoglobinopatias;

15. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)/ HIV;

16Medicamentos: alguns medicamentos, como anticonvulsivos, heparina, corticosteoroides, medicamentos para níveis baixos de hormônio tireoidiano ou hipotireoidismo, tratamentos que reduzem os hormônios sexuais, como o anastrozol e o letrozol, entre outros, favorecem a redução da massa óssea.

Quais os sintomas?

A Osteoporose em si não provoca sintomas, que só aparecem em consequência de fraturas. Por isso é chamada de doença silenciosa. Segundo matéria publicada pela revista Veja, as fraturas mais comuns são as vertebrais (50%), seguidas pelas fraturas de quadril (25%), que é a mais perigosa: "cerca de 25% das pessoas morrem após um ano, 40% das pessoas ficam incapazes de andar de forma independente e 33% acabam totalmente dependentes ou em uma casa de repouso." Outra fratura comum é a do antebraço, causada por queda sobre a mão.

O comprometimento das vértebras, em grande parte, é assintomático, ou seja, não há sintomas aparentes e, muitas vezes, só são diagnosticados radiograficamente. Quando há sintomas, ocorre dor (leve ou intensa, restrita ao local ou irradiada para o abdome) e achatamento da vértebra, causando o encurvamento da coluna (corcunda), a diminuição da altura da pessoa, alterações pulmonares decorrentes de modificações na parte torácica, entre outros.

Pacientes com múltiplas fraturas podem ter redução das cavidades torácicas e abdominal, que causam comprometimento às funções do coração, do pulmão e da vesícula, dificultando a respiração e causando hérnia de hiato e incontinência urinária. 

As fraturas de quadril, que decorrem de quedas, estão localizadas, em geral, no colo ou na região transtrocantérica, esta última mais comum em idosos. Aliás, nessa população, deve-se ter especial atenção às dificuldades de equilíbrio ou marcha, fraqueza dos membros inferiores e comprometimento visual, auditivo e cognitivo. Todos esses fatores aumentam o risco para quedas e, consequentemente, para fraturas.




Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito, principalmente, a partir do exame de densitometria óssea, que mede a densidade óssea em diferentes partes do corpo e possibilita avaliar o estágio da doença de acordo com a tabela abaixo. Uma densidade óssea abaixo ou igual a -2,5 desvios-padrão em relação à massa óssea de um jovem adulto (T-Score) revela Osteoporose. Esses critérios podem ser aplicados a mulheres na pós-menopausa e a homens com mais de 50 anos.


Para adultos jovens (homens entre 20 e 49 anos e mulheres entre 20 e 40 anos, com ciclos menstruais normais), utiliza-se outro índice, o Z-Score, que compara a densidade óssea à curva de mesma idade e sexo. Z-Score igual ou inferior a -2,0 será considerado abaixo dos padrões para a idade.

Radiografias serão necessárias se houver necessidade de se avaliar possíveis fraturas. Exames laboratoriais (hemograma, cálcio, fósforo, PTH, vitamina D, creatinina, entre outros) podem ser solicitados para se descartar doenças que podem causar a Osteoporose secundária.

Qual o tratamento?

O melhor tratamento é a prevenção, inclusive contra quedas. Isso envolve mudanças no estilo de vida, como iniciar um programa de exercícios físicos com musculação, caminhada, alongamento, de modo a melhorar o equilíbrio e a força muscular, sobretudo em idosos. Para essa população, ainda, deve-se também ter atenção à instalação de corrimão em escadas e banheiros, melhorar a iluminação em determinados ambientes, evitar pisos úmidos, retirar tapetes.

É importantíssimo, para todos os pacientes, ter uma dieta rica em cálcio, incluindo, por exemplo, soja, feijão branco, folhas verdes escuras, gergelim, chia, grão de bico, aliada à ingestão de frutas, vegetais, aves, peixes, nozes e restringindo refrigerantes, alimentos fritos, carnes, produtos processados, doces, sobremesas e grãos refinados.

A ingestão de vitamina D também é fundamental na prevenção da doença. Ocorre que, com exceção de alguns alimentos como peixes oleosos (entre eles, o salmão), tal vitamina é difícil de encontrar em uma dieta normal, mas pode ser produzida pela pele em contato com raios solares. Por isso, é importante tomar sol (mas apenas antes das 10h e/ou depois das 16h, para não correr risco de câncer de pele). Para pessoas com importante risco de deficiência da vitamina, é indicada uma suplementação, principalmente para idosos, pacientes já com Osteoporose, obesos e grávidas.

No que se refere aos medicamentos para a prevenção ou tratamento da Osteoporose são indicados:

  • Bisfosfonatos: medicamentos antirreabsortivos, isto é, inibem o processo de reabsorção/perda óssea. Aqueles aprovados para uso na Osteoporose são o Alendronato, o Risedronato, o Ibandronato e o Ácido Zoledrônico
  • Cloridrato de Raloxifeno: é indicado para prevenção e tratamento da doença e, ainda, para a redução do risco de câncer de mama em mulheres pós-menopausa com Osteoporose. 
  • Denosumabe: um medicamento biológico que se mostrou eficaz na redução de novas fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril em mulheres na pós-menopausa com Osteoporose. 
  • Estrógenos: a terapia hormonal, normalmente, consiste em estrógeno e progesterona em mulheres na pós-menopausa com útero e só estrógeno naquelas histerectomizadas. 
  • Teriparatida: indicado para o tratamento da Osteoporose com alto risco para fraturas tanto em mulheres na pós-menopausa como em homens. 

A Osteoporose em si não traz risco de morte, mas algumas de suas complicações podem levar ao óbito, por isso é importante seguir o tratamento, visando à redução considerável do risco de fraturas.



Referências

AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY. Osteoporosis. Disponível em: http://www.rheumatology.org/I-Am-A/Patient-Caregiver/Diseases-Conditions/Osteoporosis. Acesso: 28/10/19.

ARTHRITIS FOUNDATION. Osteoporosis. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/osteoporosis/. Acesso: 26/10/19.

PEREIRA, Sonia Maria R. Osteoporose. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP): Manole, 2019, p. 487-499.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/osteoporose/. Acesso: 26/10/19.

SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose. Disponível em: http://www.spreumatologia.pt/doencas/osteoporose. Acesso: 28/10/19.

VIDALE, Giulia. Custo anual da osteoporose no Brasil é de 1,2 bilhão. Veja. Disponível em: http://veja.abril.com.br/saude/custo-anual-da-osteoporose-no-brasil-e-de-r12-bilhao/. Acesso: 26/10/19.