Manifestações reumáticas relacionadas ao HIV (AIDS)

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e sua complicação mais grave, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, mais conhecida como AIDS, foram identificados pela primeira vez há mais de 30 anos e, desde então, houve uma epidemia mundial. Segundo dados levantados pela UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), cerca de 74,9 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia e, atualmente, há cerca de 37,9 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com o vírus.

Muitas dessas pessoas sofrem com manifestações articulares e síndromes reumáticas. As doenças reumáticas causam, de modo geral, dor e inflamação (inchaço) nas articulações, nos tecidos moles ao redor das articulações e nos músculos, sintomas que são observados em aproximadamente 5% dos pacientes infectados pelo HIV.

Dentre as manifestações articulares mais comuns destacam-se:

  • artralgias, que ocorrem em 25% a 40% dos casos, predominantemente em joelhos, cotovelos e ombros;
  • dores nas articulações, sobretudo nas mãos, presentes em cerca de 10% dos pacientes, com dor intensa que, às vezes, requer internação;

Outras doenças reumáticas menos comuns das quais as pessoas com HIV podem sofrer são Artrite Séptica, Espondilite anquilosante, Osteomielite e Vasculites.

Muitas dessas doenças melhoram com a terapia antirretroviral, o tratamento contra o vírus HIV, mas alguns dos medicamentos presentes nesse tratamento podem também causar alguns sintomas adversos, como as dores nas articulações e nos tecidos moles. A zidovudina (AZT), por exemplo, está presente em grande parte dos esquemas terapêuticos e altas doses dessa medicação têm sido associadas com um quadro de miopatia reversível, que apresenta-se com dores e fraqueza muscular, que ocorre em cerca de 17% dos pacientes. O tratamento de escolha é a suspensão do AZT, com melhora da força muscular em 8 semanas. 

Além dos medicamentos para HIV, há uma combinação de analgésicos, anti-inflamatórios e corticosteroides para diminuição do inchaço, da dor e de febre. Para as artrites inflamatórias, podem ser usadas drogas modificadoras da doença sintéticas (sDMARD) e/ou biológicas (bDMARDs), para suprimir o sistema imunológico e controlar as manifestações articulares. Os pacientes também podem precisar de fisioterapia para aliviar os sintomas, prevenir deformidades articulares e preservar a função.







Referências

AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY. HIV and rheumatic diseases. Disponível em: http://www.rheumatology.org/I-Am-A/Patient-Caregiver/Diseases-Conditions/HIV-Rheumatic-Diseases. Acesso: 20/11/19.

MASSABKI, Paulo Sergio. Manifestações articulares da infecção pelos vírus das hepatites B e C e HIV. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP): Manole, 2019, p. 418-422.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Manifestações reumáticas relacionadas ao vírus da imunodeficiência humana (AIDS). Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/manifestacoes-reumaticas-relacionadas-ao-virus-da-imunodeficiencia-humana-aids/. Acesso: 20/11/19.

UNAIDS. Estatísticas. Disponível em: http://unaids.org.br/estatisticas/. Acesso: 20/11/19.