Tendinites

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 a cada 100 pessoas sofre com Tendinites. Essa condição faz parte do chamado "Reumatismo de partes moles", que engloba as inflamações fora das articulações, ou seja, ocorre nas estruturas que estão ao redor das articulações: músculos, tendões e ossos.


O que é? 

Tendões são estruturas semelhantes a cordas, fibrosas, cuja função é a de conectar os músculos aos ossos. Estão localizados nas regiões "dobráveis" do corpo, transferindo força e possibilitando o movimento de mãos, ombros, pernas, entre outros.

Quando o tendão sofre algum tipo de trauma, há uma sobrecarrega sobre ele, o que acaba por desencadear uma Tendinite, que nada mais é do que a inflamação dos tendões. O corpo humano tem mais de 4 mil tendões (!), portanto, uma Tendinite pode ocorrer em diversas partes do corpo. As mais comuns ocorrem nos punhos, ombros, joelhos e tornozelos. E dependendo dos locais onde ocorrem, podem ser classificadas em subtipos: Entesite, Peritendinite, Tenossinovite.

Quem pode ser afetado(a)?

Qualquer pessoa.

O que causa?

Os tendões auxiliam no processo de transmissão das forças dos músculos até os ossos e, por essa razão, são submetidos diariamente a tração e estresses. Mas quando isso ocorre de modo intenso, excessivo e repetitivo, pode haver um quadro de traumas e inflamações nos tendões. E à medida que o corpo também vai envelhecendo, os tendões começam a perder elasticidade, de modo que o risco de surgimento de tendinites tende a aumentar. 

Nesse sentido, a Tendinite tem, basicamente, duas causas: a primeira diz respeito à realização de movimentos e esforços prolongados, contínuos e repetitivos sobre o tendão, tais como a prática de determinados exercícios físicos como corridas, natação, futebol, basquete ou vôlei. Músicos que tocam instrumentos de corda, piano ou saxofone de forma repetitiva, por exemplo, também podem sobrecarregar os tendões flexores da mão e dos dedos, causando inflamação.

A segunda causa ocorre em razão de fatores e reações bioquímicas internas ao corpo, como alimentação incorreta ou a produção e liberação de substâncias tóxicas pelo organismo, o que gera a desidratação dos músculos e dos tendões. Além disso, pessoas com sobrepeso, obesidade, com doenças como Diabetes e Artrite Reumatoide ou com uma musculatura fraca e pouco trabalhada também podem desenvolver Tendinite com mais facilidade.

Quais os sintomas?

Geralmente, a Tendinite começa a se manifestar com uma dor e inchaço localizado, por exemplo, no antebraço ou nos punhos, e, aos poucos, essa dor irradia para a musculatura ao redor: um incômodo no punho pode alcançar o pescoço e se transformar em uma forte cefaleia tensional. Pode haver vermelhidão e calor na área acometida, além de aparecimento de caroços. As dores pioram com o movimento e resultam em diminuição da força e, em casos mais graves, podem tornar-se persistentes e capazes de atrofiar a musculatura.

Tipos comuns de Tendinite

  • Tendinite do manguito rotador: existem quatro músculos que compõem o manguito rotador, os quais estão posicionados em torno da articulação do ombro e servem para estabilizar a articulação e ajudar no movimento dessa parte do corpo. Os quatro tendões desses músculos se juntam para formar um tendão maior, o tendão do manguito rotador. Quando há uso excessivo ou uma lesão no ombro, o tendão do manguito rotador fique irritado ou inflamado, ocasionado a Tendinite. Os sintomas são dor intensa no ombro ou no braço ao serem movimentados. Em alguns casos, esse tipo de tendinite pode ocorrer ou piorar ao longo do tempo ou por movimentos repetitivos. 
  • Tendinite bicipital (ou Tendinite calcificada): é a inflamação do tendão do músculo do bíceps, que fica na parte da frente do ombro e ajuda a dobrar o cotovelo e o ombro para a frente e girar o antebraço. Essa patologia é bem comum em pessoas que praticam esportes ou atividades que exigem o uso frequente e repetido do braço, principalmente em movimentos realizados acima do nível do ombro, como na natação, vôlei ou esportes de arremesso. Pode também ocorrer em trabalhadores, principalmente aqueles que precisam levantar peso, repetidamente, acima do ombro. O problema também pode acontecer por causa de lesões, como uma queda, por exemplo. Os sintomas são dores na frente do ombro que podem irradiar para o cotovelo e antebraço.
  • Tendinite de Quervain (Síndrome de Quervain ou Tenossinovite): é uma inflamação que afeta os tendões do punho que se dirigem para o polegar. É resultado de atividades como escrever, jardinar, jogar golfe, fazer trabalhos manuais finos, pegar um bebê ou usar excessivamente pequenos dispositivos eletrônicos, como celulares. Está relacionada também à Artrite Reumatoide, à gravidez, ao pós-parto e à lactação. A dor pode ter inicio súbito e inicialmente surge na base do polegar. Frequentemente, essa dor se irradia em direção ao polegar ou ao antebraço, sendo por vezes difícil para o paciente localizar um ponto específico de dor. Pode haver também inchaço na região. 
  • Tendinite aquiliana (tendinite do calcanhar ou Entesite): é a inflamação do tendão de Aquiles, que é o tendão que conecta os músculos da panturrilha ao calcanhar e ajuda a levantar o pé do chão. Está relacionada à lesões esportivas, uso de sapatos inadequados, obesidade, diabetes, entre outros. Os sintomas gerais são inflamação e rigidez nos tornozelos e na sola dos pés, o que torna muito doloroso o ato de caminhar.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de todas essas condições é baseado no histórico, estilo de vida e no exame clínico do paciente, aliados a exames de imagem para avaliar as estruturas articulares.

Qual o tratamento?

O tratamento é baseado em repouso, medicação antiinflamatória e fisioterapia (para alongamento e fortalecimento da musculatura da região afetada). Eventualmente, a critério médico, pode ser necessária infiltração com corticoide.

Em geral, o tratamento tem por objetivo reduzir a dor e a inflamação, além de preservar a mobilidade e aumentar a força para prevenir a incapacidade e a recorrência da doença. O tratamento de muitos "Reumatismos dos tecidos moles" é semelhante, mas pode ser modificado de acordo com a doença específica. As recomendações do médico podem incluir uma combinação de:

  • descanso para a área lesionada e inflamada, o que pode incluir uso de talas;
  • aplicação de compressas frias ou bolsas de gelo para ajudar a reduzir a inflamação inicial e a dor;
  • aplicação de compressa ou bolsa quente após 48h da lesão para tratamento da dor crônica
  • medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), como ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, e/ou corticosteroides, inclusive injeções intra-articulares, 
  • fisioterapia e terapia ocupacional para alongamento e fortalecimento da musculatura.
  • cirurgia, como última medida.

Faz parte também do tratamento a prevenção a novas ocorrências da doença, por exemplo:

  • praticar atividades físicas com regularidade para fortalecer músculos e tendões;
  • evitar movimentos repetitivos ou, caso não seja possível, fazer pausas para diminuir os riscos;
  • evitar má postura do corpo e evitar sobrecargas em diferentes regiões do corpo.




Referências

AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY. Tendinitis (Bursitis). Disponível em: http://www.rheumatology.org/I-Am-A/Patient-Caregiver/Diseases-Conditions/Reactive-Arthritis. Acesso: 19/11/19.

ARTHRITIS FOUNDATION. Bursitis, tendinitis y otros síndromes reumáticos de los tejidos blandos. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/imprimia-un-folleto/dc-bursitis/. Acesso: 20/11/19.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Reumatismo de partes moles. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/reumatismo-de-partes-moles/. Acesso: 19/11/19.