Síndrome da dor miofascial

É, provavelmente, a principal causa de dor musculoesquelética, sendo responsável por cerca de 29% dos quadros dolorosos crônicos na população em geral (Heymann, 2019). O diagnóstico precoce, seguido de tratamento especializado e multidisciplinar podem evitar a cronicidade e o consequente pior prognóstico da síndrome.

O que é? 

A Síndrome da Dor Miofascial (SM) caracteriza-se por dor localizada em qualquer músculo do corpo, associada à presença de pontos dolorosos (ou "pontos de gatilho"), isto é, locais bem delimitados de alta sensibilidade no músculo e que, quando palpados, causam dor em uma área distante do ponto de gatilho (dor que "corre" para outro local). 

Quem pode ser afetado(a)?

A Síndrome afeta pessoas de ambos os sexos, principalmente entre 30 e 50 anos. É comumente observada em atletas.

O que causa a doença?

A dor pode ser desencadeada a partir de movimentos repetitivos, condicionamento físico inadequado, postura inadequada, traumas, distensão muscular, inflamações e deformidades.

Pode também estar associada a doenças como diabetes, isquemias, doenças da tireoide, depressão, anemia, infecções sistêmicas, compressões neurológicas, além de distúrbios emocionais e do sono.

Quais os sintomas?

A manifestação mais comum é uma dor regional, que pode ser contínua ou em surtos esporádicos e em forma de queimação, peso ou latejamento. A região da dor, em geral, encontra-se distante da localização do ponto de gatilho e sua intensidade depende da força empregada na manipulação desse gatilho.

Frequentemente, observa-se contratura ou rigidez muscular, o que limita a movimentação da região afetada, e fraqueza muscular decorrente da dor e de cansaço musculares.

Os sintomas incluem palidez ou vermelhidão da pele, mudanças na temperatura e/ou no padrão de suor. Pontos de gatilho localizados no rosto ou no pescoço podem causar sintomas como lacrimejamento ou vermelhidão e secura nos olhos.



Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é baseado no histórico clínico do/a paciente e em exame físico minucioso, incluindo a avaliação e palpação dos pontos de gatilho para reprodução dos sintomas.

Se necessário, serão solicitados exames complementares (exame de sangue, radiografia, eletroneuromiografia etc.) para afastar outras possibilidades de doenças, sobretudo a Fibromialgia, também caracterizada por dor muscular regional.

Como é o tratamento?

O tratamento é baseado na redução da dor e da inflamação, na preservação da mobilidade e na prevenção de incapacidade física e da volta da doença.

É muito importante a identificação de vícios de postura e de movimentos durante o dia-a-dia, os quais são frequentemente a causa da Síndrome. Atividades que envolvam sobrecarga do músculo afetado, por exemplo, devem ser evitadas. 

O método mais utilizado para a desativação dos pontos de gatilho é o agulhamento direto, o que resulta em alívio da dor e melhora dos movimentos a curto prazo (a médio e longo prazos, a eficácia é discutida por especialistas). Tal método pode ser realizado a seco ou associado a lidocaína ou a toxina botulínica, embora a utilização desta última seja controversa; por isso, seu uso é recomendado, geralmente, para os casos mais resistentes. O emprego de corticosteroides injetáveis não é recomendado, pois não há indícios de que ofereçam vantagens adicionais. O agulhamento é contraindicado para os casos de pacientes com desordens hemorrágicas, em uso de anticoagulantes, com infecções, trauma muscular. Outras modalidades usadas para a desativação dos pontos de gatilho incluem massagem, sprays anestésicos (geralmente de fluorometano ou de cloro etílico, que apresentam ação congelante) na área dolorida.

Medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) podem ser empregados com o objetivo de aliviar dores agudas. O mesmo vale para os analgésicos e para o opioide tramadol.

Métodos como acupuntura, fisioterapia ou terapia ocupacional também ajudam no tratamento das dores e têm obtido resultados positivos.


Referências

ARTHRITIS FOUNDATION. Dolor miofascial. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/dolor-miofascial/. Acesso: 30/11/19.

HEYMANN, Roberto Ezequiel. Síndrome dolorosa miofascial. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 555-559.

REUMATO USP. Síndrome da dor miofascial. Disponível em: http://www.reumatousp.med.br/para-pacientes.php?id=40761836&idSecao=18294311. Acesso: 30/11/19.