Polimialgia reumática

O termo "mialgia" vem do grego e significa "dor muscular" e "poli" significa "muitos". Assim, em termos literais, Polimialgia quer dizer "dor em muitos músculos".


O que é?

Polimialgia reumática (PMR) é uma doença inflamatória sistêmica, crônica, que causa dor generalizada e rigidez nas articulações e tecidos que as circundam.

Quem pode ser afetado(a)?

A PMR afeta tipicamente idosos (a partir de 50 anos e com pico de incidência  em torno dos 70 anos), em especial da raça branca, sobretudo descendentes de pessoas do norte europeu (mas pode acometer pessoas de todas as raças). É duas vezes mais comum em mulheres.

A PMR não deve ser confundida com a Fibromialgia, que afeta principalmente adultos jovens.

Qual a causa?

A causa da doença ainda é desconhecida, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos. Dentre os fatores ambientais estão os processos infecciosos desencadeados pelos microrganismos Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e parvovírus B19. A alta incidência em pessoas com mais de 50 anos sugere também que a doença esteja, de alguma forma, relacionada com ao processo de envelhecimento. Por fim, cerca de 15% dos casos de PMR estão relacionados a outra doença reumática, a Arterite de Células Gigantes (ou Arterite temporal). 

Quais os sintomas?

Os principais sintomas são rigidez matinal intensa e dor, principalmente, nas articulações de pescoço, ombros e quadris. Tais sintomas costumam ser equivalentes nos dois lados do corpo e podem aparecer rapidamente, em questão de dias ou semanas e, em alguns casos, até em uma mesma noite. 

Sintomas sistêmicos são comuns, como mal-estar, cansaço, perda de peso e febre baixa. Dores nas articulações de mãos e punhos, dormência e formigamento dos dedos (Síndrome do túnel do carpo) podem ocorrer, assim como depressão e descompensação de doenças de base, por exemplo, insuficiência cardíaca.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado no histórico e nos sintomas apresentados pelo(a) paciente, tais como dor e rigidez na cintura e no quadril que chegam a limitar a elevação do braço ou o levantar de uma cadeira. Como a PMR e a Arterite de Células Gigantes estão associadas, o médico também busca avaliar tal relação a partir de sintomas como cefaleia, dor na região das têmporas, distúrbios visuais, sopros cardíacos, claudicação de mandíbula e membros.

Exames de sangue que indicam inflamação na fase aguda também são solicitados, como velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa (PCR). Fazem também parte dos critérios diagnósticos exames de anticorpos específicos, embora geralmente sejam negativos: fator reumatoide (FR), anti-CCP e fator antinuclear (FAN).

Ultrassonografia e tomografia podem ajudar a identificar o envolvimento de artérias e grandes vasos em pacientes sem sintomas aparentes, além de serem utilizados para o diagnóstico de bursite e sinovite nos ombros, quadris e coluna lombar e cervical.

Como é o tratamento?

A meta no tratamento da PMR é aliviar os sintomas, reduzir a rigidez, a febre e a fadiga e, assim, proporcionar uma melhora na qualidade de vida do(a) paciente. Normalmente, são prescritos corticosteroides, habitualmente, a prednisona, mas existem variadas estratégias. Algumas pessoas já sentem uma melhora clínica, o que se reflete também nos exames laboratoriais entre 2 a 4 semanas de tratamento. A remissão da doença pode aparecer a partir de 4 semanas.

Para os casos de pacientes que apresentem risco maior ao tratamento com corticosteroides ou que tenham reativação frequente da doença, é utilizada também uma droga sintética antirreumática modificadora da doença (sDMARD), como o metotrexato, para permitir uma redução mais segura do corticoide ao longo do tempo.

Estudos recentes têm apontado que algumas drogas biológicas antirreumáticas modificadoras da doença (bDMARD), como tocilizumabe, secuquinumabe e canaquinumabe têm potencial para ajudar na redução mais rápida das doses de corticosteroides, mas o custo-benefício dessa estratégia de tratamento ainda não está totalmente estabelecida. Medicamentos biológicos anti-TNF não têm comprovação de eficácia na PMR e são, portanto, desaconselhados.

Após a regressão da rigidez muscular, o(a) paciente pode voltar às atividades normais, incluindo a prática de exercícios físicos, que são importantes para manter a flexibilidade das articulações, além da força e da função muscular. Exercício também ajudam a combater a obesidade, o diabetes, doenças cardiovasculares e a Osteoporose, que podem resultar do uso de corticosteroides. O médico ou um fisioterapeuta podem dar sugestões específicas sobre os melhores tipos de exercício para PMR.



Referências

AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY. Polimialgia Reumática. Disponível em:http://www.rheumatology.org/I-Am-A/Patient-Caregiver/Enfermedades-y-Condiciones/Polimialgia-Reumatica. Acesso: 24/11/19.

ARTHRITIS FOUNDATION. Polimialgia reumática. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/polimialgia-reumtica/. Acesso: 24/11/19.

GOMIDES, Ana Paula M.; SILVA DE SOUZA, Mariana P. G. U. Polimialgia reumática. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 638-641.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Polimialgia reumática e arterite de células gigantes. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/polimialgias/. Acesso: 21/11/19.