Biológicos X Sintéticos

A partir da década de 1980, e com maior intensidade em anos recentes, a indústria farmacêutica de pesquisa passou a apresentar uma infinidade de medicamentos biológicos. A versão sintética, assim, passou a dar lugar à biologia molecular, originando produtos derivados da tecnologia do DNA recombinante. Tal tecnologia permite cortar genes, recombinar pedaços de diferentes fontes e transferir esse material genético modificado para a uma célula, chamada de "hospedeira", que é, então, reprogramada e passa a "fabricar" a proteína que se quer obter.

Principais diferenças entre medicamentos biológicos e medicamentos sintéticos:

Manufatura:

  • Os medicamentos sintéticos são produzidos por síntese química de substâncias. 
  • Os medicamentos biológicos são produzidos em sistemas vivos por meio de processos biotecnológicos.

Estrutura / Moléculas:

  • Os sintéticos tradicionais têm estrutura bem conhecida e são constituídos por moléculas pequenas, estáveis, bem conhecidas e mais simples, compostas de algumas dezenas ou poucas centenas de átomos, sintetizadas a partir de precursores bem definidos e, por isso, facilmente reprodutíveis. 
  • Já os biológicos são formados por moléculas grandes, complexas e constituídas por milhares de átomos e, em alguns casos, com estrutura apenas parcialmente conhecida e, portanto, dificilmente reprodutíveis. 

Características:

  • Os medicamentos sintéticos podem ser produzidos com um grau de pureza quase absoluto, enquanto os biológicos, por serem produzidos por sistema vivos, a partir de fontes variadas, estão sujeitos a alterações no produto, muitas vezes com consequências muito sérias.  
  • Os biológicos, ao contrário dos sintéticosraramente estão disponíveis para uso oral, pois são inativados pelas enzimas digestivas e, por isso, necessitam ser administrados por via injetável ou por inalação. São, em geral, instáveis e suscetíveis a alterações quando submetidas, por exemplo, a pequenas variações de condições de conservação e armazenamento. 

Imunogenicidade:

  • Os biológicos são, de modo geral, imunogênicos, isto é, possuem a propriedade de despertar uma reação do nosso sistema imune, mecanismo de proteção capaz de reconhecer substâncias próprias de nosso corpo e atacar e destruir aquilo que for considerado estranho, tal como parasitas, bactérias ou vírus. Entretanto, a intensidade e as consequências da imunogenicidade dos medicamentos biológicos são variáveis e, muitas vezes, imprevisíveis. Podem ocorrer diminuição da eficácia, reações de hipersensibilidade ao produto, e eventualmente a chamada quebra de tolerância imunológica, uma situação em que o organismo se confunde e passa a não tolerar as próprias proteínas. 
  • Já os fármacos sintéticos são apenas ocasionalmente imunogênicos. 

Patentes:

  • Os produtos sintéticos geralmente são protegidos por uma única patente, a da substância ativa.
  • Já os produtos biológicos são objeto de múltiplas patentes, que cobrem não apenas a substância ativa, mas também os vários processos envolvidos na produção. São patenteáveis, por exemplo, as células geneticamente modificadas, os métodos utilizados na purificação e formulação, entre outros. Muitos elementos do processo de produção permanecem indisponíveis mesmo após o vencimento da patente do medicamento biológico e, com isso, o produtor da cópia legal precisa desenvolver outras técnicas e procedimentos, o que acaba por tornar o novo produto sempre diferente do produto original (e nesse caso, esses medicamentos apenas semelhantes a um produto original são chamados de biossimilares). 

Resumindo:





Referências: 

INTERFARMA. Medicamentos biológicos e biossimilares e suas normas regulatórias: cartilha para pacientes. Disponível em: https://www.interfarma.org.br/public/files/biblioteca/medicamentos-biologicos-e-biossimilares-e-suas-normas-regulatorias-para-pacientes-interfarma.pdf. Acesso: 28/12/2019.