Febre reumática

A Febre Reumática está associada à mesma bactéria responsável por infecções de garganta e pela escarlatina.

O que é?

A Febre Reumática (FR) é uma doença inflamatória aguda, autoimune, que pode comprometer as articulações, o coração e o sistema nervoso central. Quando a lesão no coração evolui para dano permanente é chamada de Doença cardíaca reumática (DCR), a principal causa de cardiopatia adquirida e por alta morbidade e mortalidade por FR em países em desenvolvimento.



Quem pode ser afetado(a)?

É comum em crianças entre 5 e 15 anos. São raros os casos de FR abaixo dos 5 anos e após os 30 anos. No caso da DCR, por se tratar de um dano cumulativo, seu pico atinge pessoas entre 30 e 40 anos.

Qual a causa?

É causada por uma reação exagerada do organismo a infecções de garganta (amigdalitefaringite) causadas pela bactéria Estreptococo do grupo A (Streptococcus pyogenes). O organismo se confunde e, ao invés de atacar apenas a bactéria, ataca também o próprio corpo. A Febre Reumática, então, manifesta-se por volta de 15 dias após a infecção.

Os principais fatores ambientais associados ao desenvolvimento da FR estão relacionados à pobreza, como aglomeração familiar, moradias em favelas ou em regiões rurais, além de acesso precário a assistência médica. Daí estar mais associada aos países em desenvolvimento e ser mais rara nos países já desenvolvidos.

Quais os sintomas? 

A doença manifesta-se com artrite, cardite, coreia, vermelhidão e nódulos na pele, além de febre, que é muito comum.

A mais grave é a cardite, que é a inflamação do tecido muscular do coração e que pode evoluir para DCR e, em alguns casos, levar a óbito. Ocorre, geralmente, associada à artrite e, depois, com coreia. Pode aparecer no início da FR ou nas primeiras semanas da fase aguda da doença.

A artrite é, geralmente, poliarticular, afetando as grandes articulações de forma assimétrica, mas pode apresentar-se também na forma monoarticular e acometer pequenas articulações. É bastante dolorosa e dura, em média, menos de quatro semanas.

A coreia é uma manifestação neurológica da FR, que ocorre em cerca de 15% dos pacientes, a maioria mulheres. Caracteriza-se por movimentos repentinos, breves e involuntários, que afetam, principalmente, as extremidades e a face. Além dos movimentos coreicos, pode ocorrer alterações na escrita, presença de "tiques", diminuição intensa do tônus muscular (hipotonia muscular), alterações no comportamento, que envolvem irritação, ansiedade, sintomas obsessivo-compulsivos, hiperatividade, déficit de atenção, regressão na fala.

As manifestações na pele se dão com manchas vermelhas na pele (eritema), que apresentam centro pálido e contornos sinuosos, localizadas principalmente no tronco e próximo dos membros. Os nódulos não causam dor, são firmes e móveis.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é baseado em exame físico, no qual o médico procurará febre, inflamação das articulações, nódulos cutâneos ou subcutâneos e sinais de inflamação nos nervos, o que é obtido por simples testes de movimento.

Exames de sangue VHS e PCR são úteis para avaliar processo inflamatório na fase aguda da doença e resposta ao tratamento e o teste antiestreptolisina O (ou ASLO) serve para identificar a presença do estreptococo. Caso seja necessário, o(a) médico(a) pode solicitar também cultura de orofaringe para fechar  o diagnóstico de infecção pelo estreptococo.

E podem ser solicitados exames de eletrocardiograma, ecocardiograma e raio X de tórax para avaliar a função cardíaca.


Qual o tratamento?

A Febre Reumática é uma complicação decorrente de infecções, portanto, para eliminar qualquer resíduo bacteriano e prevenir nova ocorrência da doença, serão prescritos antibióticos, como penicilina, amoxicilina, azitromicina, clindamicina.

No caso de artrite, são indicados anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), sobretudo, naproxeno e AAS, para conter a inflamação e a dor. 

No caso de cardite, são recomendados os corticosteroides prednisona ou metilprednisolona, este último na forma de pulsoterapia. Nos casos de insuficiência cardíaca, pode ser necessário o uso de diuréticos. O não tratamento pode levar à uma inflamação das válvulas do coração, que acabam “secando” e causando mau funcionamento do coração, porque o sangue não flui corretamente. Portanto, quando há comprometimento cardíaco, a intervenção precisará ser mais agressiva, incluindo cirurgia.

Para os casos de coreia, indica-se repouso em casos leves ou internação e medicação em casos graves, como haloperidol, ácido valproico ou carbamazepina



Referências

ARTHRITIS FOUNDATION. Fiebre reumatica. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/fiebre-reumatica/. Acesso: 03/11/19.

BRUNA, Maria Helena Varella. Febre reumática (Reumatismo infeccioso). Disponível em: http://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/febre-reumatica-reumatismo-infeccioso/. Acesso: 03/11/19.

MORAES, Ana Julia P.; CAVALCANTI, André S. Febre reumática. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 362-368.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Febre reumática. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/febre-reumatica-2/. Acesso: 03/11/19.