Espondilite Anquilosante

As Espondiloartrites (ou Espondiloartropatias Soronegativas) englobam várias doenças reumáticas inflamatórias, entre elas, Artrite psoriásica, Artrite reativa, Espondiloartropatias indiferenciadas e Espondilite Anquilosante (EA), sobre a qual falaremos aqui.

O que é? Quem pode ser afetado(a)?

A Espondilite Anquilosante (EA) é uma artrite inflamatória crônica do esqueleto axial, constituído por 80 ossos que compõem o crânio, a caixa torácica e a coluna vertebral. A doença afeta, principalmente, as articulações sacrilíacas, ou seja, aquelas que ficam na junção da coluna com a bacia, mas, com o tempo, a doença pode progredir para outras articulações, como ombros, joelhos ou tornozelos.

Se manifesta mais frequentemente em homens (cerca de 3 vezes mais que nas mulheres), brancos e com idade inferior a 40 anos. Filhos de pais com a doença têm maiores chances de apresentá-la no futuro.

Quais os sintomas?

As manifestações musculoesqueléticas típicas da doença são sacroiliíte (inflamação das articulações sacroilíacas, ou seja, aquelas que ficam na junção da coluna com a bacia), entesite (inflamação da êntese, local onde ligamentos, tendões e a cápsula que envolve as articulações “se ligam” aos ossos) e sinovite (inflamação da membrana sinovial, um tecido que reveste a parte interna de algumas articulações).

Dor crônica e, no início, de forte intensidade nas costas (principalmente na região das nádegas ou mais acima na região lombar) é um sintoma frequente. O quadro, de modo geral, piora durante a noite, fazendo com que o paciente tenha de levantar da cama para obter alguma melhora.

Rigidez matinal é outro sintoma comum e pode durar até 3 horas. Com o tempo, tal rigidez, e a dor lombar, pode progredir para a coluna superior e, ainda, para o pescoço e para a cavidade das costelas. A inflamação das articulações entre as costelas e a coluna vertebral pode causar dor no peito, que piora com a respiração profunda.

Inflamação e dor também podem afetar quadris, ombros, joelhos ou tornozelos, o que pode limitar o movimento. A doença pode causar também inflamação em órgãos como pulmões, coração e olhos. Alguns pacientes se sentem cansados, perdem o apetite e também o peso. 



Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é basicamente clínico, levando-se em consideração idade, sexo, histórico familiar e sintomas típicos, notadamente dor e limitação de movimentos na região lombar por mais de 3 meses (o que melhora com exercícios e não com repouso). A presença de sacroiliíte em radiografia simples é fundamental para o diagnóstico. Pode ser complementado, basicamente, com exames de sangue para avaliar os reagentes da fase aguda, como proteína C-reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS), além da presença do gene HLA-B27.

Qual o tratamento?

O tratamento da Espondilite Anquilosante visa reduzir a dor e rigidez para evitar deformações e ajudar o paciente a continuar suas atividades normais. Medicamentos são parte essencial e contínua do tratamento e incluem:

  • anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), medicamentos de primeira linha no tratamento visando a melhora dos sintomas, incluindo a dor e a rigidez. A decisão entre o uso contínuo ou esporádico vai depender da gravidade dos sintomas, das comorbidades e da preferência do(a) paciente;
    • medicamento anti-IL-17A: secuquinumabe, incluído recentemente e que pode ser utilizado diante de falha de um dos anti-TNF ou como primeira opção em caso de contraindicação ao uso dos anti-TNF.

Além do tratamento medicamentoso, manter atividade física regular (fisioterapia, caminhadas, natação, etc.) também é importante em todas as fases do tratamento. Sem tratamento, a doença pode deformar a coluna e as articulações acometidas. Na coluna, uma vértebra pode “grudar” em outra vértebra, causando perda de mobilidade. Esse processo é chamado de anquilose, que é irreversível, pois não existe remédio para reverter o quadro. 




Referências

ARTHRITIS FOUNDATION. Espondilitis anquilosante. Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/espondilitis-anquilosante/. Acesso: 05/10/19

MARQUES, Claudia D. L; GONÇALVES, Célio R.; SAAD, Carla G. S. Espondiloartrites axiais e espondilite anquilosante. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 160-167.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Espondiloartrites. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/espondiloartrites/. Acesso: 05/10/19.

SOCIEDADE PARANAENSE DE REUMATOLOGIA. Espondilite Anquilosante. Disponível em: http://reumatologiapr.com.br/espondilite-anquilosante/. Acesso: 20/10/19.