Infliximabe

Infliximabe (IFX) é um fármaco anticorpo monoclonal quimérico humano-camundongo. Anticorpos monoclonais são proteínas que reconhecem e se ligam a outras proteínas específicas. IFX liga-se fortemente a uma proteína especial no corpo, o fator de necrose tumoral alfa (ou TNF-alfa), que está envolvida em processos e doenças inflamatórias.

O medicamento do qual Infliximabe faz parte é um medicamento imunobiológico, que bloqueia a ação do TNF-alfa. Está indicado, pela ANVISA, para o tratamento de:
  • Doença de Crohn de moderada a grave, em pacientes adultos e pediátricos, e Doença de Crohn fistulizante em pacientes adultos quando não respondem a outros medicamentos.
  • Psoríase em placa, de moderada a grave, em pacientes adultos, quando o tratamento sistêmico por fototerapia ou convencional tenha sido inadequado ou inapropriado. 

Nessas doenças, o corpo produz uma quantidade maior de fator de necrose tumoral alfa, o que faz com que o sistema imunológico ataque o tecido saudável do corpo, causando a inflamação. 

O medicamento não é indicado para:
  • pessoas com alergia a IFX ou qualquer outro componente do produto (sacarose, fosfato de sódio e polissorbato 80); 
  • pessoas com alergia a proteínas de camundongos (as chamadas murinas); 
  • pessoas com infecção que está sendo tratada. O(A) médico(a) deverá ser informado antes do início do tratamento; 
  • pessoas com insuficiência cardíaca.

Já é sabido que pacientes em uso de imunobiológicos apresentam maior risco de infecções graves, particularmente no primeiro ano de tratamento, se comparados com pacientes recebendo medicamentos sintéticos convencionais, como metotrexato, hidroxicloroquina, leflunomida etc. Os elementos-chave relacionados ao maior risco de infecção são: idade maior que 60 anos, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência renal crônica, infecções graves prévias, uso de corticoides (o uso maior ou igual a 7,5mg de prednisona, por exemplo, aumenta o risco em 2,3 vezes).

Complementarmente, medicamentos imunobiológicos do tipo anti-TNF, como Infliximabe, estão associados a um risco elevado para Tuberculose (leia mais aqui). Assim sendo, é importante atentar-se para as advertências e recomendações a seguir, assim como para as possíveis reações adversas decorrentes do uso do medicamento.

Advertências e precauções

1. Infecções, em especial Tuberculose e aquelas causadas por fungos: o(a) médico(a) deverá ser informado antes do tratamento caso o(a) paciente:
  • tenha uma infecção que não passa ou tenha histórico de infecção recorrente;
  • teve tuberculose (TB), ou se, recentemente, esteve em contato com alguém que possa ter TB. Se sim, o(a) médico(a) deverá examinar o(a) paciente e solicitar exame PPD. Se ele(a) achar que o(a) paciente corre o risco de ter TB, poderá iniciar um tratamento para TB antes de iniciar o tratamento com IFX que, por ser um medicamento imunossupressor (que suprime as funções do sistema imunológico), pode ativar focos primários de tuberculose. Os médicos que acompanham pacientes sob imunossupressão devem estar sempre alertas quanto à possibilidade de surgimento de doença ativa, tomando, assim, todos os cuidados para o diagnóstico precoce e tratamento.
  • viveu ou viajou para uma área onde infecções chamadas histoplasmose, coccidioidomicose ou blastomicose são comuns. Essas infecções são causadas por fungos que podem afetar os pulmões ou outras partes do corpo. Se o(a) paciente não sabe se essas infecções são comuns na área onde viveu ou viajou, deve perguntar ao médico(a).

2. Insuficiência ou outros problemas cardíacoso(a) médico(a) deverá ser informado antes do tratamento caso o(a) paciente tenha insuficiência cardíaca ou já teve ou atualmente tem alguma doença cardíaca. Se o(a) paciente apresentar novos ou agravamento dos sintomas de insuficiência cardíaca, tais como falta de ar ou inchaço dos pés, o(a) médico(a) deve ser informado.

3. Condições que afetem o sistema nervosoo(a) médico(a) deverá ser informado antes do tratamento caso o(a) paciente tenha ou teve alguma condição que afeta o sistema nervoso, como esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré ou convulsões, ou se tiver sido diagnosticado com neurite óptica. Ou, ainda, se sentir dormência, formigamento, distúrbios visuais ou convulsões.

4. Gravidez : o(a) médico(a) deve ser informado se a paciente estiver grávida, planejando engravidar ou se está amamentando. Se tiver um bebê durante o tratamento, a mãe deve informar ao(à) pediatra e a qualquer outro(a) médico(a) que está em tratamento com IFX, para que ele(a) possa, então, decidir quando o(a) bebê deverá receber vacinas. 
A administração de vacina BCG dentro de 6 meses após o nascimento de bebês cujas mães estavam em tratamento com IFX pode resultar em infecção em recém-nascidos com complicações graves, incluindo morte. Para outros tipos de vacina, discuta com o(a) médico(a). 
Também foi relatada diminuição grave no número de células brancas do sangue em bebês de mulheres tratadas com IFX durante a gravidez. Se o(a) bebê tiver febre ou infecções persistentes, contate o(a) pediatra imediatamente.

5. Amamentação: não se sabe se IFX é excretado no leite humano, portanto, caso a paciente esteja amamentando ou planejando amamentar, converse com o(a) médico(a) sobre a descontinuação do tratamento com IFX ou a interrupção da amamentação.

6. Crianças: o medicamento não foi estudado em crianças com com menos de 6 anos de idade com Doença de Crohn ou Colite/Retocolite ulcerativa.
 
7. Idosos:  não foram conduzidos estudos específicos do medicamento em pacientes idosos. Em estudos clínicos parecem não terem sido observadas diferenças importantes na depuração ou no volume de distribuição relacionadas à idade. Por outro lado, a incidência de infecções graves nos pacientes com idade maior ou igual a 65 anos tratados com IFX foi maior do que nos pacientes com idade inferior a 65 anos. Além disso, existe maior incidência de infecções na população de idosos em geral, e por isso, recomenda-se cautela ao tratar pacientes idosos.


Interações com outros medicamentos

O(A) médico(a) deve ser informado(a) caso o(a) paciente esteja tomando ou tenha tomado recentemente outros medicamentos, antes e durante o tratamento com IFX, incluindo qualquer outro medicamento para tratar as doenças para as quais IFX é indicado (vide acima). Também deve ser informado caso o(a) paciente pretenda tomar outros medicamentos contendo, especialmente, anacinra ou abatacepte, pois IFX não deve ser tomado com esses dois fármacos. 


Possíveis reações adversas

Os eventos adversos mais comuns de IFX são infecções respiratórias (como bronquite, sinusite, resfriado), dor, febre, dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, tontura, tosse, erupção cutânea e cansaço.

Os motivos mais comuns para os pacientes pararem o tratamento com são porque apresentaram uma reação durante a administração, tal como falta de ar, erupções cutâneas e dor de cabeça. 

Eventos adversos graves que podem exigir tratamento podem ocorrer durante o tratamento com IFX:
  • Infecções graves: alguns pacientes, especialmente aqueles com 65 anos ou mais, tiveram infecções graves ao receber IFX, infecções essas que incluem tuberculose e infecções sistêmicas bacterianas, fúngicas e virais e que podem levar à morte. O uso de vacinas “vivas” pode resultar em infecção causada pelos vírus ou bactérias “vivas” contidas na vacina (e isso ocorre quando se tem o sistema imunológico enfraquecido). Por isso, caso o(a) paciente apresente febre, cansaço, tosse, sintomas de gripe ou desenvolva um abscesso, durante ou após receber IFX, o(a) médico(a) deverá ser imediatamente informado(a), pois estes podem ser sinais de infecção.
  • Problemas de pulmão: alguns pacientes desenvolveram inflamação nos pulmões, como doença pulmonar intersticial, que pode levar a danos permanentes. O(A) médico(a) deve ser informado(a) caso haja falta de ar.
  • Insuficiência cardíaca congestiva: paciente que tenha insuficiência cardíaca e iniciou o tratamento com IFX deve ser constantemente monitorado. Se apresentar novos ou agravamento dos sintomas de insuficiência, como falta de ar ou inchaço nos pés, deve contatar o(a) médico(a) imediatamente.
  • Outros problemas de coração: alguns pacientes tiveram ataque do coração (alguns chegando a óbito), baixo fluxo de sangue para o coração ou ritmo anormal do coração dentro das 24 horas após o início da infusão com IFX. Os sintomas podem incluir desconforto ou dor no peito, dor no braço, dor no estômago, encurtamento da respiração, ansiedade, desmaio, tontura, sudorese, náusea, vômito, ritmo alterado ou sensação de aperto no peito, batidas rápidas ou lentas do coração. O(A) médico(a) deve ser imediatamente contatado caso o(a) paciente apresente tais sintomas. 
  • Reações alérgicas: alguns pacientes têm reações alérgicas graves ao IFX, as quais podem ocorrer no início da infusão ou pouco depois. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, dor no peito e pressão sanguínea alta ou baixa. O(A) médico(a) pode decidir diminuir a velocidade ou parar a administração de IFX e administrar uma medicação para tratar a reação alérgica. Algumas reações são tardias e foram vistas 3 a 12 dias após o tratamento com IFX. Os sintomas desse tipo de reação tardia incluem dor muscular ou nas articulações com febre ou erupção cutânea. Informe ao(à) médico(a) caso haja qualquer um desses sintomas após o tratamento com IFX.
  • Sintomas semelhantes aos do Lúpus: alguns pacientes tratados com IFX apresentaram sintomas que podem assemelhar-se aos do Lúpus. Tais sintomas podem incluir desconforto ou dor prolongada no peito, falta de ar, dor nas articulações ou uma erupção sensível ao sol nas bochechas ou nos braços. O(A) médico(a) deve ser informado(a) caso haja algum desses sintomas, para que se avalie a necessidade ou não de interrupção do tratamento com IFX. 
  • Problemas do sistema nervoso: houve casos em que as pessoas que tomaram IFX desenvolveram graves problemas no sistema nervoso, que resultaram em inflamação do nervo do olho (que pode causar alterações na visão, incluindo cegueira), dormência ou formigamento, convulsões, fraqueza nos braços ou pernas. Caso o(a) paciente apresente algum desses sintomas, o(a) médico(a) deve ser avisado imediatamente.
  • Problemas de pele: alguns pacientes tratados com IFX desenvolveram erupções cutâneas, incluindo vermelhidão, prurido, descamação da pele e bolhas, que podem ser graves. Pequenos inchaços cheios de pus que podem se espalhar pelo corpo, às vezes acompanhado de febre (pustulose exantemática aguda generalizada), foram relatados em alguns pacientes. O(A) médico(a) deve ser notificado caso haja qualquer mudança de pele nova ou piora.
  • Câncer: relatos de um tipo de câncer de sangue chamado linfoma em pacientes usando IFX ou outros bloqueadores de TNF são raros, mas ocorrem mais frequentemente do que o esperado para as pessoas em geral. Pessoas com Artrite reumatoide, Doença de Crohn, Espondilite anquilosante ou Artrite psoriásica tratadas por um longo tempo, principalmente aquelas com doença altamente ativa, podem ser mais propensas a desenvolver linfoma. Cânceres, exceto linfoma, também têm sido relatados. Houve casos, incluindo os tipos incomuns, em crianças e adolescentes tomando agentes bloqueadores de TNF, incluindo IFX, que, por vezes, resultaram em morte. Alguns pacientes que receberam esses bloqueadores desenvolveram um tipo raro de câncer chamado linfoma de célula-T hepatoesplênica, que pode ser fatal. A maioria desses pacientes eram adolescentes ou adultos jovens do sexo masculino, dos quais a maioria tinha Doença de Crohn ou Colite ulcerativa ou retocolite ulcerativa; quase todos eles também receberam medicamentos como a azatioprina ou 6-mercaptopurina. Pacientes com um tipo específico de doença pulmonar, chamada Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), podem apresentar aumento do risco de câncer com o tratamento com IFX. Portanto, caso o(a) paciente tenha DPOC, deve discutir com o(a) médico(a) se o tratamento com IFX será ou não adequado. Para crianças e adultos tomando medicamentos bloqueadores de TNF a chance de ter linfoma ou outro câncer pode aumentar. Alguns pacientes tratados com IFX desenvolveram certos tipos de câncer de pele e, por isso, o(a) médico(a) deve ser avisado caso ocorram quaisquer mudanças no aspecto da pele ou crescimentos na pele, durante ou após a terapia. Algumas mulheres com Artrite reumatoide em tratamento com IFX desenvolveram câncer de colo de útero. Para algumas mulheres recebendo IFX, incluindo aquelas com mais de 60 anos de idade, o(a) médico(a) pode recomendar que se faça um acompanhamento regular e contínuo para câncer de colo de útero.
  • Lesão no fígado: foram observados casos de pessoas que desenvolveram problemas hepáticos graves tomando IFX, alguns casos fatais. Os sintomas incluem icterícia (pele e olhos amarelados), urina de cor marrom-escuro, dor no lado direito do abdome, febre e fadiga intensa (cansaço). O(A) médico(a) deve ser avisado imediatamente caso haja qualquer um desses sintomas. 
  • Hepatite B: tratamento com agentes bloqueadores de TNF, como IFX, pode resultar em uma reativação do vírus da hepatite B em pessoas portadoras desse vírus, portanto, caso o(a) paciente tenha ou teve hepatite B, saiba ou suspeite que seja portador do vírus, deve informar ao(à) médico(a), pois pode afetar a decisão de iniciar ou continuar o tratamento com IFX. O(A) médico(a) deve solicitar exame de sangue para o vírus da hepatite B antes de iniciar o tratamento com IFX.
  • Problemas no sangue: em alguns casos, os pacientes tratados com agentes bloqueadores do TNF, como IFX, podem apresentar baixa contagem de elementos do sangue, incluindo uma diminuição grave do número de células brancas. Caso o(a) paciente apresente sintomas como febre ou infecções persistentes, sangramento ou hematoma, deve entrar em contato com o(a) médico(a) imediatamente.
  • Derrame: alguns pacientes tiveram derrame em, aproximadamente, 24 horas após a infusão com IFX. O(A) médico(a) deve ser avisado imediatamente caso haja sintomas de derrame, que podem incluir formigamento ou fraqueza na face, braço ou perna, especialmente quando afeta somente um lado do corpo; confusão repentina, problemas repentinos na fala ou compreensão, problema repentino na visão em um ou ambos os olhos, problemas repentinos para andar, tontura, perda de equilíbrio ou coordenação, ou uma dor de cabeça grave repentina.


    Vacinas podem ser tomadas?

    As chamadas vacinas vivas (catapora, tuberculose, herpes, dengue, rubéola, caxumba, varíola, sarampo, pólio e febre amarela) não devem ser administradas a pacientes que estão em tratamento com IFX.





    Resumo a partir da Bula de Remicade® (Infliximabe), da Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda., disponível na página Consultas da Anvisa: http://consultas.anvisa.gov.br. Acesso: 04/11/2020.