Hidroxicloroquina

O Sulfato de Hidroxicloroquina foi sintetizado em 1946 e aprovado para uso médico nos Estados Unidos em 1955. Inicialmente utilizado como medicamento antimalárico, passou a ser utilizado também no tratamento de:
    • Afecções reumáticas e dermatológicas (reumatismo e problemas de pele); 
    • Lúpus eritematoso sistêmico (doença multissistêmica) e discoide (lúpus eritematoso da pele);
    • Condições dermatológicas (problemas de pele) provocadas ou agravadas pela luz solar.


Para quem o medicamento não é indicado?

  • Pessoas com alergia conhecida aos outros componentes da fórmula: fosfato de cálcio dibásico di-hidratado; amido de milho; estearato de magnésio; hipromelose, macrogol 400; dióxido de titânio;
  • Pessoas que apresentem maculopatias pré-existentes, ou seja, distúrbios de visão;
  • Menores de 6 anos.


Quais as advertências gerais?

1. Retinopatia (lesão das células da retina): antes de iniciar um tratamento prolongado com Hidroxicloroquina, devem ser realizados exames oftalmológicos, a serem repetidos, pelo menos, anualmente. Os exames devem incluir testes para verificação da retina, com testes de clareza/nitidez da visão, de campo visual, visão para cores e exame de fundo do olho. 
O comprometimento dos olhos está relacionados à dose do medicamento: o risco é pequeno se a dose diária for até 6.5mg por kilo de peso do paciente; doses superiores aumentam severamente o risco de toxidade para a retina.
Exames oftalmológicos devem ser mais frequentes:
  • se o paciente for idoso;
  • se o paciente tiver insuficiência renal (redução da função dos rins);
  • se o paciente já tiver comprometimento da visão;
  • se o uso da dose diária for superior a 6.5mg/kg de peso magro (tomar como parâmetro o peso corporal absoluto pode resultar em superdosagem nem pessoas obesas);
  • se a dose cumulativa for superior a 200g.

Se houver algum distúrbio visual durante o tratamento, o medicamento deverá ser imediatamente suspenso e o médico deverá acompanhar o paciente cuidadosamente quanto à uma possível progressão do distúrbio, pois alterações na retina podem prosseguir mesmo após o término do tratamento.

2. Hipoglicemia (diminuição da taxa de açúcar no sangue): Hidroxicloroquina causa hipoglicemia, ou seja, redução severa da taxa de açúcar no sangue, o que pode levar à perda de consciência, um risco à vida de pacientes tratados com ou sem medicação antidiabética. Portanto, pacientes que apresentem sintomas sugestivos de hipoglicemia devem ter os níveis de glicose no sangue avaliados e o tratamento revisado, se necessário.

3. Distúrbios cardíacoso medicamento pode causar alterações do ritmo cardíaco em alguns pacientes, portanto, se o/a paciente tiver alguma(s) das condições abaixo, deve utilizar o medicamento com precaução:
    • se tiver nascido ou tiver histórico familiar de intervalo QT prolongado; se tiver prolongamento QT adquirido (intervalo observado no exame Eletrocardiograma, ou ECG). A magnitude do prolongamento do QT pode aumentar com concentrações crescentes de Hidroxicloroquina, portanto, a dose recomendada não deve ser ultrapassada.
    • se tiver algum problemas cardíacos (insuficiência cardíaca, arritmias, bradicardia, disritmias ventriculares) e/ou histórico de ataque cardíaco (enfarte do miocárdio);
    • se tiver desequilíbrio eletrolítico no sangue, especialmente hipocalemia (baixo nível de potássio no sangue) e/ou hipomagnesemia (baixo nível de magnésio).
Portanto, se o/a paciente sentir palpitações ou batimentos cardíacos irregulares durante o tratamento deve informar ao médico imediatamente.
Casos de cardiomiopatia, doença do coração, pode resultar em insuficiência cardíaca, algumas vezes com desfecho fatal. O monitoramento clínico de sinais e sintomas de cardiomiopatia é aconselhado e Hidroxicloroquina deve ser descontinuado aos primeiros sinais da doença.
A toxidade crônica deve ser considerada quando houver distúrbios de condução (dificuldade da passagem do estímulo elétrico; bloqueio de ramo/bloqueio átrio-ventricular) e/ou hipertrofia biventricular (espessamento da parede dos ventrículos). Portanto, o monitoramento de sinais e sintomas é aconselhado e o medicamento deve ser suspenso aos primeiro sinais da doença.

4. Outros monitoramentos
  • Pacientes em tratamento longo devem realizar exames periódicos para avaliar a função dos músculos esqueléticos e de reflexos tendinosos (movimentos reflexos desencadeados pela percussão de um tendão muscular). Caso sejam observadas alterações, sobretudo fraqueza muscular, o medicamento deverá ser suspenso.
  • Devem realizar também exame completo de sangue periodicamente pois há risco, embora pequeno, de depressão da medula óssea. Caso haja anormalidades, a Hidroxicloroquina deve ser descontinuada.
  • Recomenda-se cautela em pacientes com problemas gastrointestinais (do estômago e/ou do intestino); neurológicos (do sistema nervoso); hematológicos (do sangue); com disfunções hepáticas (do fígado) ou renais (rins) ou que estejam tomando medicamentos capazes de afetar esses órgãos. Pode ser necessária redução da dose de Hidroxicloroquina.


Quais as possíveis reações adversas e efeitos colaterais?

Reações oculares
  • Visão borrada é muito comum e melhora com a descontinuação do medicamento.
  • Alterações na córnea, incluindo opacificação (perda de transparência) e inchaço. A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho. Permite a entrada de luz e executa dois terços das tarefas de foco, portanto, a boa visão é consequência também da transparência desta estrutura. Essas alterações podem não apresentar sintomas ou podem causar distúrbios como visão borrada ou sensibilidade à luz (fotofobia), os quais podem ser temporários ou melhorar com a suspensão do medicamento.
  • Retinopatia, isto é, doença da retina, com alterações da coloração e do campo visual. Na forma precoce, pode ser revertida com a suspensão do medicamento. A retina é uma das membranas que fica na parte de trás do olho e tem por função transformar a luz recebida em um estímulo nervoso e enviá-lo ao cérebro, para que as imagens sejam lidas. Pacientes com alterações na retina podem não ter sintomas ou podem apresentar escotomas, ou seja, perda total ou parcial da clareza ou nitidez da visão. Caso o tratamento não seja suspenso a tempo, existe o risco de progressão da retinopatia, mesmo após a suspensão.
  • Maculopatia e degeneração da mácula, de causas desconhecidas, mas que podem ser irreversíveis. A mácula é a parte central da retina, responsável pela visão de detalhes. Quando sofre alterações, a função visual pode ficar gravemente comprometida.

Reações cardíacas 
  • Cardiomiopatia, doença do coração que, embora de causa desconhecida, pode resultar em insuficiência cardíaca, algumas vezes fatal;
  • Distúrbios de condução (dificuldade da passagem do estímulo elétrico); espessamento da parede dos ventrículos; ritmo cardíaco anormal, irregular. A suspensão do tratamento leva à recuperação.

Reações em músculos, ossos e tecidos
  • Distúrbios motores sensoriais, embora sejam incomuns;
  • Miopatia, reação de causa desconhecida, é um problema no sistema dos músculos esqueléticos que faz com que a pessoa desenvolva fraqueza muscular progressiva, com consequente dificuldade de locomoção. Pode ser revertida com a suspensão do medicamento, mas a recuperação pode durar algum meses;
  • Neuromiopatia, um problema que ataca ao mesmo tempo o sistema nervoso e os músculos, levando a uma fraqueza progressiva e à atrofia, diminuição do tamanho dos músculos;
  • Diminuição dos reflexos tendinosos, movimentos reflexos desencadeados pela percussão de um tendão muscular, e anormalidades na condução nervosa.

Reações no sangue, vasos, veias, artérias etc.
  • Depressão da medula óssea;
  • Anemia: redução de células vermelhas no sangue; 
  • Anemia aplástica: forma de anemia na qual a medula óssea falha ao produzir números adequados de certos elementos do sangue; 
  • Leucopenia: redução de células brancas no sangue;
  • Trombocitopenia: diminuição do número de plaquetas;
  • Agranulocitose: diminuição de alguns tipos de leucócitos do sangue.

Reações no sistema imunológico
  • Urticária: erupção na pele, geralmente de origem alérgica, que causa coceira;
  • Angioedema: inchaço na região subcutânea ou em mucosas, geralmente de origem alérgica;
  • Broncoespasmo: contração dos brônquios, que pode causar chiado no peito.

Reações de metabolismo e nutrição
  • Anorexia: perda de apetite, reação comum;
  • Hipoglicemia, diminuição da taxa de açúcar no sangue.

Reações psiquiátricas
  • Labilidade emocional: mudança rápida de humor, reação comum;
  • Psicose: transtorno mental, de causa desconhecida, que faz com que as pessoas percebam ou interpretem as coisas de maneira diferente das pessoas que as rodeiam;
  • Comportamento suicida, reação incomum.

Reações no sistema nervoso
  • Dor de cabeça, reação comum;
  • Tontura, reação incomum;
  • Convulsões e/ou distonia: contrações e movimentos involuntários dos músculos;
  • Discinesia: movimentos involuntários anormais do corpo;
  • Tremores.

Reações em estômago e intestino 
  • Náuseas e dor abdominal são muito comuns;
  • Diarreia e vômito são comuns;

Tais sintomas regridem imediatamente com a redução da dose ou suspensão do medicamento.

    Reações de fígado e bile
    • Alterações nos exames que testam a função do fígado, embora sejam incomuns;
    • Insuficiência hepática fulminante: redução grave da função do fígado.

      Reações de audição e labirinto
      • Vertigem (tontura) e zumbido, embora incomuns;
      • Perda de audição.


      Algumas precauções

      Potencial cancerígeno
      Em humanos, os dados não são suficientes para descartar que a Hidroxicloroquina pode levar a um aumento do risco de câncer em pacientes submetidos a tratamentos longos. Em um estudo de 2 anos realizado em ratos com cloroquina, não se observou aumento nas alterações neoplásicas ou proliferativas. Não houve estudo realizado em camundongos. Não houve mudanças proliferativas nos estudos de toxicidade subcrônica.

      Reprodução, gravidez e amamentação
      O uso de Hidroxicloroquina é desaconselhado durante a gravidez, exceto quando, na avaliação do médico, os benefícios potenciais superem os riscos.
      O medicamento é excretado no leite materno (menos de 2% da dose materna).

      Populações especiais
      • Crianças: são particularmente sensíveis ao efeito tóxico de um dos componentes do fármaco, portanto, Hidroxicloroquina não deve ser utilizado por crianças.
      • Idosos: não há advertências ou recomendações especiais.


      E quanto às interações com outros medicamentos?

      • Hidroxicloroquina pode aumentar os níveis de digoxina (medicamento para o coração) no sangue. Por isso, os níveis de digoxina devem ser cuidadosamente monitorados em pacientes em uso de tal medicação;
      • O medicamento deve se utilizado com precaução em pacientes que estejam recebendo medicamentos conhecidos por prolongar o intervalo QT, tais como antiarrítmicos classe IA e IIIantidepressivos tricíclicosantipsicóticos e alguns anti-infecciosos bacterianos devido ao aumento do risco de arritmia ventricular.
      • Como a Hidroxicloroquina pode aumentar os efeitos de um tratamento hipoglicêmico (diminuição da taxa de açúcar no sangue), pode ser necessária a diminuição das doses de insulina ou medicamentos antidiabéticos.
      • A halofantrina, medicamento para o tratamento da malária, não deve ser administrada com Hidroxicloroquina. A coadministração com outros antimaláricos conhecidos por baixarem o limiar convulsivo (como mefloquina) pode aumentar o risco de convulsões.
      • A atividade de drogas antiepiléticas pode se prejudicada se coadministrada com Hidroxicloroquina.
      • O uso concomitante de Hidroxicloroquina com medicamentos conhecidos por induzir toxicidade na retina, como por exemplo, o tamoxifeno, não é recomendado.

      Medicamentos conhecidos por afetar o ritmo do seu coração. Isso inclui medicamentos usados para ritmo cardíaco anormal (antiarrítmicos), para depressão (antidepressivos tricíclicos), para transtornos psiquiátricos (antipsicóticos), para infecções bacterianas (por exemplo, moxifloxacino, azitromicina), para infecções virais (por exemplo, saquinavir), para infecções fúngicas (por exemplo, fluconazol), para infeções parasitárias (pentamidina) ou contra malária (por exemplo, halofantrina).






      Resumo a partir da Bula de Plaquinol® (Sulfato de hidroxicloroquina), da Sanofi-Aventis Farmacêutica, disponível no Bulário Eletrônico Anvisa: http://portal.anvisa.gov.br/bulario-eletronico1 e publicado em 16/04/2020.