Canaquinumabe

Canaquinumabe pertence a um grupo de fármacos chamados de inibidores de interleucina. Trata-se de um anticorpo monoclonal totalmente humano, bloqueador da atividade da substância interleucina 1 beta (IL-1 beta), que desempenha papel central em processos inflamatórios sistêmicos. Em pacientes com certas enfermidades, o corpo produz uma quantidade excessiva de IL-1 beta, o que pode provocar sintomas como febre, dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea ou dores nas juntas e músculos e, em alguns casos, até diminuição da capacidade auditiva. 

Canaquinumabe faz parte é um medicamento imunobiológico e se liga seletivamente à essa interleucina, bloqueando sua atividade inflamatória. Está indicado, pela ANVISA, para o tratamento de:
  • Síndromes Periódicas Associadas à Criopirina (CAPS) em adultos, adolescentes e crianças com 2 anos ou mais, com peso corporal igual ou maior que 7,5 kg. Dentre as CAPS estão incluídas:
      • Síndrome de Muckle-Wells (MWS);
      • Doença Inflamatória Multissistêmica de Início Neonatal (NOMID), também chamada de Síndrome crônico-infantil neurológica-cutânea-articular (CINCA) ;
      • Síndrome Autoinflamatória Familiar desencadeada pelo Frio (FCAS), também chamada de Urticária Familiar ao Frio (FCU), em sua forma grave. 
  • Síndrome Periódica Associada ao Receptor do Fator de Necrose Tumoral (TRAPS) em adultos e crianças com 2 anos ou mais; 
  • Síndrome da Hiperimunoglobulinemia D (HIDS) / Deficiência da Mevalonatoquinase (MKD) em adultos e crianças com 2 anos ou mais;
  • Febre Familiar do Mediterrâneo (FFM) em adultos e crianças com 2 anos ou mais, nos quais a colchicina é contraindicada, não é tolerada, ou não apresenta uma resposta adequada, apesar da maior dose tolerável de colchicina;


Para quem o medicamento não é indicado?

  • Pacientes alérgicos aos componentes do medicamento;
  • Pacientes com infecção ativa grave.


Advertências e Precauções 

1. Antes e durante o tratamento, o(a) médico(a) deverá ser imediatamente informado caso o(a) paciente:
  • apresente uma infecção, teve repetidas infecções ou, ainda, se apresenta alguma condição, por exemplo nível baixo de glóbulos brancos, que o faça ser mais susceptível a infecções;
  • apresente febre com duração de mais de 3 dias ou qualquer outro sintoma possivelmente relacionado a uma infecção, como tosse prolongada, apatia, dor no peito, dificuldade para respirar, dor nos ouvidos, dor de cabeça prolongada ou vermelhidão localizada, calor ou inchaço da pele;
  • tenha ou já teve tuberculose (TB) ou contato direto com alguém com uma infecção por tuberculose ativa. Tosse persistente, perda de peso e febre baixa, que podem ser sinais de TB. O(A) médico(a) deverá checar também se o(a) paciente desenvolveu tuberculose, solicitando um teste específico.
  • apresente sinais de uma reação alérgica, como dificuldade para respirar ou engolir, náusea, tontura, erupção cutânea, coceira, urticária, palpitações ou pressão baixa.

2. Pacientes com Doença de Still de Adulto, Artrite Idiopática Juvenil Sistêmica ou outra condição reumática pode desenvolver uma condição chamada de Síndrome de Ativação Macrofágica (SAM), que pode por a vida em risco. O(A) médico(a) deverá, portanto, monitorar o(a) paciente) para os sinais conhecidos de SAM, os quais incluem infecções e agravamento da doença de Still. A avaliação e o tratamento devem ser iniciados o mais cedo possível.

3. O fármaco não foi estudado em mulheres grávidas, portanto, é importante que o(a) médico(a) saiba se a paciente está grávida, se acha que pode estar grávida ou se planeja engravidar. Canaquinumabe só deve ser utilizado durante a gravidez se claramente necessário, considerando a avaliação risco-benefício. As mulheres com potencial reprodutivo devem utilizar medidas contraceptivas efetivas durante o tratamento e até 3 meses após a última dose.

4. Não se sabe se Canaquinumabe é excretado no leite humano. Desta forma, a amamentação não é recomendada em mulheres em tratamento.


Interações com outros medicamentos 

Drogas modificadoras de doença imunobiológicas (bDMARD) chamadas de inibidores de fator de necrose tumoral (TNF), como etanercepte, adalimumabe, certolizumabe, golimumabe ou infliximabe, não devem ser utilizados com Canaquinumabe, pois isso podem aumentar o risco de infecções.
O(A) médico(a) deverá ser informado caso o(a) paciente esteja fazendo uso ou fez uso de algum outro medicamento recentemente. 


Quais as possíveis reações adversas e efeitos colaterais? 

  • Reações muito comuns (ocorre em mais de 10% dos pacientes)
      • Febre com duração de mais de 3 dias ou qualquer outro sintoma que possa ser devido a alguma infecção (por exemplo, infecção viral, bronquite e infecção nos ouvidos tem sido relatadas). Tais sintomas incluem tremor, calafrios, mal-estar, perda de apetite, dor no corpo, geralmente em associação com início recente da doença, tosse, expectoração mucoide, dor no peito, dificuldade para respirar, dor nos ouvidos, dor de cabeça prolongada ou vermelhidão localizada, calor ou inchaço da sua pele ou inflamação do tecido conjuntivo (celulite). 
      • Sangramento espontâneo ou hematomas, os quais podem estar relacionados ao baixo nível de plaquetas no sangue (trombocitopenia).
      • Combinação de dor de garganta, coriza, nariz entupido, espirros, sensação de pressão ou dor nas bochechas e, ou na testa com ou sem febre (nasofaringite, faringite, rinite, sinusite).
      • Micção frequente e dolorosa, com ou sem febre (infecção urinária).
      • Dor no estômago e sensação de mal estar (gastroenterite).
      • Dor abdominal.
      • Dor muscular, nos ossos ou nas juntas.
      • Alterações nos resultados dos testes de função renal (aumento do clearance de creatinina renal e proteinúria).
      • Reação na pele como vermelhidão ou inchaço no local da aplicação da injeção (reação no local da injeção).

  • Reações comuns (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes)
      • Febre, dor de garganta ou úlceras na boca devido às infecções, que podem ser sintomas de baixo nível de glóbulos brancos (leucopenia, neutropenia). O(A) médico(a) deve verificar o sangue do(a) paciente regularmente, se necessário.
      • Sensação de tontura, vertigem.
      • Febre, tosse, dificuldade ou dor ao respirar, chiado no peito, dor no peito ao respirar (pneumonia).
      • Infecção vaginal por fungos. 
      • Sensação de mal estar (vômitos).
      • Níveis anormais de triglicérides no sangue (distúrbios do metabolismo de lipídeos).
      • Resultados anormais da função do fígado (aumento de transaminases).
      • Nível alto de bilirrubina no sangue com ou sem coloração amarelada da pele e olhos (hiperbilirrubinemia).
      • Sensação de fraqueza (astenia), cansaço.
      • Dor nas costas.
      • Combinação de dor de garganta, febre, amígdalas inchadas ou vermelhas, tosse, dificuldade de engolir e dor de cabeça (amigdalite).

  • Reações incomuns (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes): azia (refluxo gastroesofágico). 

  • Reações de frequência desconhecida (a frequência não pode ser estimada a partir dos dados disponíveis):
      • Reações alérgicas com erupção cutânea e coceira e possivelmente também urticária, dificuldade de respirar ou engolir, tontura, palpitações ou pressão baixa.
      • Tosse persistente, perda de peso e febre baixa, que podem ser sinais de tuberculose.
      • Aumento temporário de ácido úrico no sangue em caso de Gota, que não interferem com qualquer terapia para diminuir o ácido úrico no sangue.
      • Febre com duração de mais de 3 dias ou qualquer outro sintoma possivelmente relacionado a uma infecção, tais como tosse prolongada, apatia, dor no peito, escarro com sangue, dificuldade para respirar, dor nos ouvidos, dor de cabeça prolongada ou vermelhidão localizada, calor ou inchaço da pele. Tais sintomas podem ser sintomas de uma infecção usual ou de uma infecção mais grave (infecções oportunistas). 
 

E quanto às vacinas, podem ser tomadas?

Aconselha-se evitar certos tipos de vacinas conhecidas como “vacinas vivas” durante o tratamento. O(A) médico(a) poderá verificar o histórico de vacinação do(a) paciente e recomendar que sejam tomadas vacinas faltantes, antes de se iniciar o tratamento. 
Se o(a) paciente precisar receber uma vacina viva após o início do tratamento é recomendado que aguarde pelo menos 3 meses após a última injeção de Canaquinumabe e antes da próxima injeção. 



    Resumo a partir da Bula de Ilaris® (Canaquinumabe), da Novartis Biociências SA., disponível no Bulário Eletrônico Anvisa: http://portal.anvisa.gov.br/bulario-eletronico1 e publicada em 15/05/2020.