Azatioprina


A Azatioprina foi sintetizada em 1959 e em 1964 já era administrada como um imunossupressor, marcando a área de transplantes de órgãos, evitando a rejeição do órgão transplantado.

Atualmente, é utilizada também no tratamento de várias doenças autoimunes:
  • Dermatomiosite/polimiosite;
  • Hepatite autoimune crônica; 
  • Pênfigo vulgar;
  • Poliarterite nodosa; 
  • Anemia hemolítica autoimune; 
  • Púrpura trombocitopênica idiopática refratária crônica.

Os mecanismos pelos quais essa substância age, reduzindo as reações de defesa do organismo e a força do sistema imunológico (de proteção), ainda não foram esclarecidos com precisão. Seu efeito terapêutico pode tornar-se evidente apenas após semanas ou meses de tratamento.

Quais são as contraindicações?

  • Não é indicada para pacientes que têm sensibilidade conhecida à Azatioprina (substância ativa) ou a qualquer outro componente do medicamento. É mais provável que os pacientes que apresentam sensibilidade à mercaptopurina (da qual deriva a azatioprina) manifestem sensibilidade também a azatioprina.
  • Não deve ser receitada a pacientes grávidas ou que pretendam engravidar, a não ser que os benefícios avaliados pelo médico sejam maiores que os riscos para o feto. Nesse caso:
    • a mulher deve adotar medidas adequadas para evitar a gravidez durante o tratamento, mesmo que o tratamento seja do parceiro; 
    • os pacientes devem estar cientes de que há relatos de nascimentos prematuros e de bebês que nasceram abaixo do peso normal depois que a mãe usou o medicamento, particularmente em combinação com corticosteroides. 
    • os pacientes devem estar cientes de que há também relatos de abortos espontâneos após a exposição da mãe ou do pai ao medicamento.
  • Não é recomendada a mulheres que estejam amamentando seus filhos durante o tratamento, pois a mercaptopurina, substância presente na fórmula de Azatioprina, foi identificada no leite materno.
  • Não é aconselhada caso o/a paciente esteja fazendo uso de Ribavirina, medicamento usado para tratamento de hepatite viral; isto porque a  ribavirina pode reduzir a eficácia e aumentar a toxicidade da Azatioprina.


Quais as precauções a serem tomadas antes e durante o tratamento?

  • Antes do início do tratamento, o médico deve ser informado caso o/a paciente:
    • sofra de doença nos rins ou no fígado; 
    • seja portador/a de uma condição em que seu corpo produz pouco de uma substância química natural chamada tiopurina metiltransferase (TPMT); 
    • sofra da condição conhecida como síndrome de Lesch-Nyhan
    • tenha tido catapora ou herpes-zóster;
    • faça uso de medicamentos de ação neuromuscular, como tubocurarina ou succinilcolina.  
  • Medicamentos imunossupressores, como a Azatioprina, podem ativar focos primários de tuberculose. O/A médico/a, portanto, deverá estar alerta quanto a possibilidade de surgimento de doença ativa, tomando, assim, todos os cuidados para o diagnóstico precoce e para o tratamento. 
  • Pacientes que recebem tratamento com esses medicamentos também correm risco maior de desenvolver linfomas não-Hodgkin e outras malignidades, principalmente câncer de pele (melanoma e não melanoma), sarcoma (Kaposi e não-Kaposi) e câncer de colo de útero. No caso de câncer de pele, recomenda-se evitar a exposição aos raios do sol e à radiação ultravioleta durante o tratamento com Azatioprina.

Quais as possíveis reações adversas e efeitos colaterais?

Infecções
Os pacientes que receberam Azatioprina isoladamente ou em combinação com outros medicamentos imunossupressores, particularmente corticosteroides, mostraram maior risco de contrair infecções virais, fúngicas e bacterianas, além de ativação de tuberculose e reativação de varicela-zoster, hepatite B e outros agentes infecciosos.
Embora raro, há relatos de JC vírus associado à leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) após o uso de Azatioprina em combinação com outros agentes imunossupressores.

Neoplasias benignas, malignas e não especificadas (incluindo cistos e pólipos)
Há um risco aumentado para desenvolvimento de distúrbios linfoproliferativos e outras neoplasias, sobretudo cânceres de pele (melanoma e não melanoma), sarcomas (de Kaposi e não-Kaposi) e câncer cervical uterino. O aumento do risco parece estar relacionado ao grau e à duração do tratamento (a descontinuação do tratamento pode fazer regredir parcialmente tais distúrbios).
Houve também alguns casos de leucemia mieloide aguda e de mielodisplasia.

Distúrbios do sangue e do sistema linfático 
A Azatioprina pode estar associada à depressão da função da medula óssea, que se manifesta com leucopenia (diminuição do número de leucócitos/glóbulos brancos no sangue), anemia (diminuição do número de hemácias/ glóbulos vermelhos), trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas) e, raramente, com agranulocitose (redução grave ou ausência de neutrófilos, eosinófilos e basófilos), pancitopenia (diminuição global de elementos celulares do sangue) ou anemia aplástica (diminuição global ou seletiva na produção dos elementos do sangue)Essas manifestações ocorrem particularmente em doentes predispostos a mielotoxicidade (toxidade capaz de alterar a função da medula óssea), tais como aqueles com insuficiência renal ou hepática, e em doentes que não reduzem a dose de Azatioprina quando estão sendo tratados também com Alopurinol.
Alterações megaloblásticas da medula óssea também foram observadas, mas anemia megaloblástica severa (tamanho anormal dos glóbulos vermelhos, além da redução de plaquetas e leucócitos) é rara.

Distúrbios do sistema imunológico
Várias síndromes clínicas diferentes foram descritas ocasionalmente após a administração do medicamento: mal-estar geral, tontura, náusea, vômito, diarreia, febre, rigidez, exantema, erupção cutânea, vasculite, mialgia, artralgia, hipotensão, disfunção renal, disfunção hepática e colestase. A retirada imediata do medicamento levou à recuperação na maioria dos casos.

Distúrbios gastrointestinais
Alguns pacientes sentem náuseas quando recebem o medicamento pela primeira vez (o que pode ser aliviado se o comprimido for tomado após as refeições). Complicações graves, incluindo colite (inflamação do intestino grosso/cólon), diverticulite (inflamação da parede interna do intestino) e perfuração intestinal foram descritas em pessoas transplantadas. Diarreia grave também pode ocorrer.
A pancreatite foi relatada em uma pequena porcentagem de pacientes, particularmente naqueles com transplante renal e/ou diagnosticados com doença inflamatória intestinal.

Distúrbios hepatobiliares (fígado e condutas biliares)
Colestase e deterioração da função hepática têm sido ocasionalmente relatadas, mas geralmente são reversíveis com a retirada do medicamento. Danos hepáticos raros, mas potencialmente fatais (como dilatação sinusoidal, peliose hepática, doença veno-oclusiva e hiperplasia nodular regenerativa), associados à administração crônica de Azatioprina foram descritos, principalmente em pacientes transplantados. Em alguns casos, a retirada do medicamento resultou em melhora temporária ou permanente.

Distúrbios dos tecidos cutâneos e subcutâneos
A perda de cabelo tem sido descrita em várias ocasiões. Em muitos casos, a condição desapareceu espontaneamente, apesar da continuação da terapia.


E as interações com outros medicamentos? 

O médico deverá ser informado caso o/a paciente já faça uso de algum dos seguintes medicamentos:
  • Captopril (usado principalmente no tratamento da pressão alta); 
  • Cimetidina (usada no tratamento de úlceras do estômago e indigestão);
  • Indometacina (usada como analgésico e anti-inflamatório); 
  • Cotrimoxazol, também conhecido como Bactrim® (usado para tratar infecções); 
  • Alopurinol, oxipurinol ou tiopurinol (usados principalmente no tratamento de Gota);
  • Tubocurarina, succinilcolina (utilizadas durante a anestesia); 
  • Furosemida (pode ser usada para reduzir o inchaço causado pelo excesso de líquido);
  • Anticoagulantes (usados para prevenir coágulos sanguíneos);
  • Mesalazina, olsalazina ou sulfassalazina (usadas, principalmente, para tratar a colite ulcerativa); 
  • Ribavirina (usado para tratamento de hepatite viral);
  • Metotrexato (utilizado no tratamento de algumas doenças reumáticas e alguns tipos de cânceres);
  • Infliximabe (utilizado no tratamento de algumas doenças reumáticas). 


E quanto às vacinas, podem ser tomadas?

A imunização com vacinas contendo microrganismos vivos - catapora, rubéola, caxumba, varíola, sarampo e febre amarela - tem o potencial de causar essas infecções em pacientes imunossuprimidos, portanto, antes de tomá-las, é importantíssimo conversar com o/a médico/a.








    Resumo a partir da Bula de Imuran® (Azatioprina), Aspen Pharma Indústria Farmacêutica Ltda., disponível em Bulário Eletrônico Anvisahttp://portal.anvisa.gov.br/bulario-eletronico1.