A matéria publicada hoje, no ViverBem do UOL, coloca em perspectiva algo que, embora seja falado, talvez não seja levado tão a sério como deveria: o poder da alimentação no combate, mas também no desencadeamento das dores crônicas.
"A dor crônica é um problema de saúde comum e incapacitante que, segundo estimativas, afeta de 20% a 30% das pessoas em todo o mundo", disse Sue Ward, da Universidade da Austrália Meridional, e autora de um estudo realizado com adultos australianos com o objetivo de verificar se há alguma associação entre gordura corporal, hábitos alimentares e dor.
Segundo Ward, o estudo comprovou que o maior consumo de vegetais, frutas, grãos, carnes magras, laticínios e derivados favorece a redução da dor, independentemente do peso corporal. Por outro lado, a pesquisa também mostrou que aquelas pessoas que sofrem de dores crônicas, geralmente, têm um peso maior em comparação com a população em geral.
"Nosso estudo descobriu que muitos participantes tinham altos níveis de gordura corporal e não seguiam as diretrizes dietéticas australianas, ou seja, tinham uma dieta de baixa qualidade. Mas as pessoas que seguiam as diretrizes mais de perto tinham níveis mais baixos de dor no corpo", disse a pesquisadora.
Isso significaria que ter mais gordura corporal não está relacionado a ter mais dor; é a intensidade da dor que está relacionada aos alimentos consumidos.
Paul Durham, especialista em dor e biologia da Universidade Estadual do Missouri (EUA) não concorda tanto com esse achado, mas concorda que a dieta afeta a dor crônica. "Está bem estabelecido que níveis mais altos de dor crônica estão correlacionados com menor ingestão de frutas, vegetais, laticínios e gorduras insaturadas", disse. Uma dieta de "baixa qualidade" nutricional - ou seja, carente de produtos in natura em quantidade suficiente (vegetais frescos, frutas, grãos e certos produtos de origem animal) e "rica" em alimentos processados, como pizzas e doces, tem muitos efeitos prejudiciais para o corpo e leva a uma "tempestade perfeita para piorar a dor crônica", completa o pesquisador.
Para ele, a dieta de nossa vida moderna, também chamada de "dieta ocidental", aquela justamente rica em processados, não fornece os nutrientes certos que precisamos para nosso corpo funcionar bem e, por essa razão, nossas células e nosso sistema imunológico não conseguem "quebrar" as substâncias químicas nocivas que produzimos naturalmente. Tais substâncias têm efeitos inflamatórios e, em níveis elevados, podem aumentar a dor crônica e exacerbar problemas cardíacos, diabetes, entre outros.
Uma dieta "não saudável" também afeta a microbiota intestinal. Já falamos sobre esse assunto aqui no Blog. As bactérias intestinais são fundamentais para ajudar a quebrar as moléculas inflamatórias em nosso corpo, mas, se uma pessoa tem uma dieta pobre em fibras naturais, deixará sua microbiota sem "matéria prima" para produzir as substâncias químicas importantes para esse processo de "quebra".
É por essas e outras descobertas que os pesquisadores têm, cada vez mais, se debruçado em estudos que têm como base a alimentação. Embora seja um campo de pesquisa ainda no início, alguns trabalhos, como o do laboratório de Durham, já demostraram que suplementos alimentares como extrato de semente de uva ou cacau podem reduzir a dor crônica e a enxaqueca, por esses suplementos contém compostos chamados de polifenóis, que ajudam a quebrar as tais moléculas inflamatórias e, assim, a reduzir a dor.
Mas Durham faz uma ressalva: os suplementos ou uma alimentação mais saudável não têm força, por si só, para agirem como analgésicos, por exemplo. Eles "funcionam para restaurar o equilíbrio do corpo, o que significa que as pessoas com dor crônica que tomam suplementos não precisariam depender tanto de produtos farmacêuticos", disse.
Leia a matéria completa aqui: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/deutsche-welle/2025/01/05/por-que-sua-dieta-pode-estar-aumentando-a-dor-que-voce-sente.htm