A Doença de Behçet é a doença reumática mais associada. Afeta, principalmente, veias de pequeno calibre e se manifesta com úlceras orais e genitais, lesões na pele, manifestações neurológicas, gastrointestinais e, ainda, com manifestações nos olhos, que estão presentes em 50-70% dos casos e, geralmente, aparece nos primeiros anos da doença. Pode apresentar hemorragias, edema, estreitamento dos vasos e microaneurismas nos olhos e, em casos mais graves, levar à perda da visão.
A Poliarterite nodosa é uma doença rara, caracterizada por vasculite necrosante de artérias de pequeno e médio calibre. Suas manifestações oculares incluem uveíte, conjutivite e ceratite.
A Poliangeíte microscópica é uma vasculite necrosante que acomete os vasos de pequeno calibre (arteríolas, capilares e vênulas) e raramente as médias artérias. É rara e associada à presença do anticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA). Possui discreta predominância em homens, principalmente entre 65-75 anos. Existe relato de associação com esclerite e episclerite.
O envolvimento da retina na Granulomatose de Wegener é incomum (5-12%), apresentando-se mais comumente com hemorragias, além de manchas esbranquiçadas, podendo também acometer o nervo óptico.
Em pacientes com Artrite reumatoide, as manifestações nos olhos perfazem cerca de 16% dos casos. As mais comuns são episclerite, geralmente, benigna, esclerite de evolução mais grave e, ainda, ceratite ulcerativa (as duas últimas indicam a presença de vasculite sistêmica, apontando uma evolução grave).
A Doença de Crohn é uma doença
inflamatória intestinal mais comumente associada a manifestações
extraintestinais, que muitas vezes são sintomas iniciais da doença. Cerca de
5-10% dos pacientes apresentam ceratite, episclerite, iridociclite (inflamação
da parte anterior do olho, que inclui a íris) e edema macular (inflamação da
retina próximo à mácula).
E é justamente por causa dessa associação com doenças reumáticas que é importante uma avaliação oftalmológica precoce, pois as vasculites retinianas podem não apresentar sintomas, mas se atingirem os vasos centrais, por exemplo, provocarão perda de campo visual. O diagnóstico precoce é chave para o sucesso do tratamento e para um bom prognóstico.
Referências
BRÊTAS
Caroline Oliveira; SILVA, Thiago; ZANANDREA, Ledilma; SARAIVA, Patrícia;
SARAIVA, Fábio. Elaboração de protocolo de investigação de vasculites
retinianas. eOftalmo, n. 6(1), p. 3-11, 2020. Disponível
em: http://eoftalmo1.hospedagemdesites.ws/Content/imagebank/pdf/v6n1a02.pdf.
Acesso: 01/04/2021.
PEREIRA, Ivanio Alves; SKARE, Thelma Larocca. O olho nas doenças reumáticas. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 616.