As dores na região cervical são queixas muito frequentes. Podem afetar pessoas jovens, mas é mais frequente em adultos e idosos visto que, dentre as diversas causas da dor cervical, aquelas associadas a condições degenerativas da coluna são as mais comuns.
O que é?
* A dor cervical pode ser classificada como: aguda (duração menor que 6 semanas), subaguda (duração entre 6 e 12 semanas) ou crônica (duração maior do que 12 semanas).
Causas
- Má postura: seja ela anatômica ou por maus hábitos, a má postura gera sobrecarga nos músculos cervicais. Tais hábitos incluem o uso de celular com a cabeça baixa, sentar-se de forma "torta" (ou não ereta), assistir televisão ou computador muito acima ou muito abaixo do nível dos olhos ...
- Posição inadequada para dormir: a região cervical permanece mal posicionada por tempo prolongado, com desequilíbrio da musculatura do trapézio e paravertebral profundo, que podem ficar sobrecarregados e gerar dor miofascial.
- Estresse: fatores emocionais e psicossomáticos, em geral, estão muito associados à causa da Cervicalgia em razão da tensão causada, por isso, é preciso identificar o fator estressante, como pressão no trabalho, luto, divórcio, problemas financeiros.
- Depressão: este distúrbio psicológico pode ocasionar diversos episódios de Cervicalgia, pois ocorre alteração em diversos níveis, além disso, a pessoa deprimida costuma permanecer muito tempo deitada, inativa e cabisbaixa.
- Bruxismo: esta condição pode desencadear a cervicalgia devido à pressão que o bruxismo causa nos músculos adjacentes à mandíbula, ou seja, afeta a região cervical diretamente.
- Doenças reumáticas: Artrose e Osteoporose podem estar ligadas ao desenvolvimento de dores na cervical.
- Hérnia de disco: degeneração no disco intervertebral, geralmente ocasionado com o envelhecimento desta estrutura e pode estar relacionado à cervicalgia, pois a alteração discal influencia na anatomia normal das vértebras, modificando a curvatura correta da cervical.
- Esforços repetitivos: serviços ou atividades que sobrecarreguem os músculos do pescoço são capazes de causar tensionamento na região cervical.
- Fator neurológico: pode haver compressão de uma raiz nervosa, porém este fator e mais raro, sendo encontrado em cerca de 1% dos casos.
- Falta de ergonomia no trabalho: ergonomia consiste na condição adequada de trabalho que promova conservação da saúde e da segurança do trabalhador, de forma que a estação de trabalho, a posição do computador, a cadeira e o modo de manipulação de objetos podem desencadear dores na cervical, bem como o estresse causado no ambiente de trabalho.
- Traumas: acidentes, pancada ou queda que tenha afetado a cervical pode desencadear quadro crônico de cervicalgia.
Sintomas da cervicalgia
Diagnóstico
Tratamento
A maioria dos pacientes com Cervicalgia, independentemente da causa da dor, melhora com tratamento conservador. Não existe uma forma de tratamento nitidamente superior à outra. O tratamento deve ser individualizado, ajustado de acordo com as características da dor e alterado caso haja evidência de comprometimento neurológico.
O tratamento inicial deve contemplar a educação do/a paciente, informações sobre a evolução da doença, salientando a importância do condicionamento físico e da correta ergonomia nas atividades diárias e laborativas. O/A paciente deve ser informado/a das frequentes alterações nos exames de imagem e sua pobre relação com sintomas, adequando os custos e auxiliando uma evolução favorável.
Os objetivos principais e mais urgentes do tratamento são a redução da dor, da sensibilização e espasmo da musculatura e da restituição funcional.
- Analgésicos: os analgésicos simples (acetaminofen, dipirona) podem ser efetivos para as dores leves ou moderadas e são geralmente o primeiro passo na terapêutica medicamentosa. Para dores mais severas, podem ser utilizados analgésicos opioides, como tramadol e codeína. Há novas opções no mercado como os opioides em forma de adesivo, com liberação prolongada, como a buprenorfina, com maior tolerância em pacientes idosos.
- Anti-inflamatórios: o uso de anti-inflamatórios não hormonais, como diclofenaco, ibuprofeno e nimesulida é praxe para dores agudas. Devem ser utilizados por curto período, em casos de dor crônica agudizada ou dor aguda.
- Relaxantes musculares: muito utilizados no tratamento de patologias que afetam o sistema musculoesquelético, como a ciclobenzaprina, que mostra-se efetiva na diminuição da dor e da rigidez cervical. Outras opções são os benzodiazepínicos e o carisoprodol.
- Antidepressivos: podem ser indicados para os casos em que há o fator psicogênico, como depressão, ansiedade e estresse. Os mais utilizados são os antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina ou nortriptilina, imipramina, clomipramina. A gabapentina é utilizada com frequência nessas situações. A pregabalina também pode ser utilizada em casos com pouca resposta ao tratamento convencional. Os antidepressivos mais recentes, duloxetina e a venlafaxina, são opções terapêuticas, principalmente em pacientes com depressão e ansiedade associadas.
- Infltrações: as infiltrações ou bloqueios de pontos-gatilhos, com anestésicos associados ou não a corticosteroides, podem promover um alívio mais rápido das dores e facilitar a adesão a fisioterapia ou a programas de exercícios.
- Toxina botulínica: embora sem evidência científicas definitivas, em alguns casos, pode-se recorrer à injeção da toxina botulínica, com efeito analgésico prolongado, diminuindo contrações e episódios de dor. Vale enfatizar que esta intervenção é indicada para pacientes refratários ao tratamento convencional.
- A fisioterapia é fundamental no tratamento e prevenção das dores cervicais recorrentes, pois auxilia no alongamento e recuperação da flexibilidade e funcionalidade dos músculos cervicais. Pode ser indicada em combinação com outras modalidades analgésicas, como aplicação de compressas de gelo, calor, estimulação elétrica, tração cervical, liberação miofascial e técnicas de mobilização.
- As massagens auxiliam no alívio da dor, pois a manipulação pode melhorar a circulação sanguínea e promove relaxamento da sobrecarga;
- O colar cervical tem como função imobilizar a região cervical, evitando que haja esforço, pois o mantém em sua posição anatômica. Nas cervicalgias agudas, a manipulação e o uso de colares cervicais não devem ser indicados, podendo inclusive retardar a melhora dos sintomas;
- A acupuntura, embora também sem evidências científicas robustas, pode contribuir com o alívio da dor, pois estimula ao nível intramuscular através das terminações nervosas presentes na pele, levando informação ao cérebro de que aquela região necessita de um efeito analgésico.