LER/DORT

As LER/DORT contemplam diversas lesões e doenças causadas pela realização de certos movimentos, como a repetição de movimentos repetitivos, postura inadequada, fatores psicológicos e sobrecarga física. Dentre as lesões mais conhecidas estão a tendinite, a tenossinovite e a bursite. 

Quando são causadas por movimentos repetitivos e contínuos, fora do normal são chamadas de LER, Lesão por Esforço Repetitivo, como aquelas relatadas por jogadores de vôlei, cliclistas, golfistas, halterofilistas, dançarinos. 

Mas, a partir da década de 80 no Brasil, a questão das lesões por esforço repetitivo atingiu uma nova dimensão a partir do momento em que uma grande quantidade de trabalhadores começou a relatar a LER no meio laboral e isso atinge proporções epidêmicas. Nesse momento, surge um novo termo, DORTDistúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, que passa a designar as doenças causadas por movimentos repetitivos durante a execução de uma atividade de trabalho. Os sintomas e a evolução das DORT se diferenciam das LER pois, aqui, nem sempre a repetitividade está presente.

Principais sintomas


Na maioria das vezes, as doenças são provocadas por atividades relacionadas à organização do trabalho e os principais sinais e sintomas são:
  • Dor como primeiro sinal;
  • Alterações como formigamento e dormência, sensação de diminuição, perda ou aumento de sensibilidade, fraqueza para segurar objetos, desconforto, fadiga, inchaço, enrijecimento muscular, choques, agulhadas ou peso nos membros, aumento ou redução da temperatura;
  • Dificuldade de movimento para uso dos braços, especialmente das mãos, podendo ocorrer sinais como inchaço, vermelhidão, e dor, além áreas com redução de volume.

O início dos sintomas é insidioso, com predominância nos finais da jornada de trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo alívio com o repouso à noite e nos fins de semana. Aos poucos, os sintomas tornam-se presentes por mais tempo durante a jornada de trabalho e, às vezes, passam a estar presentes durantes às noites e finais de semana.

Tais sinais e sintomas são de evolução lenta, o que leva muitos trabalhadores a procurar o auxílio de um profissional especializado tardiamente. Em geral, o alerta só ocorre para o paciente quando os sintomas passam a existir durante a realização de esforços mínimos, comprometendo a capacidade, seja no trabalho ou em casa.

A prevenção


As medidas de prevenção das LER/DORT englobam correções do ambiente de trabalho, adoção de medidas preventivas e de novas formas e ferramentas de trabalho por parte da empresa bem como as ações individuais por parte dos trabalhadores. Para tanto, destacam-se algumas dicas importantes:
  • Manter sempre uma postura apropriada durante o horário de trabalho, com as costas eretas, seja em pé ou bem apoiadas no encosto da cadeira quando assentado.
  • Fazer pausas e alongamentos a cada 60 minutos.
  • Respeitar os limites do corpo.
  • Utilizar apoios ergonômicos para os punhos e pés durante a utilização do computador.
  • Manter o monitor na altura dos olhos para evitar a sobrecarga no pescoço.
  • Utilizar cintas e outros acessórios de proteção fornecidos pela empresa ao executar tarefas que exigem força física.
  • Praticar exercícios físicos regularmente.
  • Manter um estilo de vida saudável, com uma boa qualidade de sono, boa alimentação, condicionamento físico e manutenção da saúde em geral.

Os empregadores devem atender o disposto na Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Previdência – n° 17 (NR-17) – Ergonomia. Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho, ao trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, às condições de conforto no ambiente de trabalho e à própria organização do trabalho.

O tratamento


Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento adequado, maiores as possibilidades de êxito. No entanto, geralmente o diagnóstico é difícil e o primeiro passo para um tratamento adequado é entender e determinar a causa dos sintomas, que podem variar de pessoa para pessoa. Muitas vezes é preciso recorrer a uma avaliação multidisciplinar para identificar corretamente a situação.

Grande parte das pessoas, no entanto, procuram ajuda profissional apenas quando estão em uma crise, optando pelo uso de anti-inflamatórios e repouso. A demora em tratar do problema pode trazer um problema ainda maior, exigindo, em alguns casos, fisioterapia e cirurgia.

Neste sentido, a prevenção é a melhor forma de tratar e combater a LER/DORT. Para isso, além do tratamento multiprofissional, empresas de todos os segmentos devem procurar aplicar ações de controle dos fatores desencadeantes e agravantes, a fim de preservar e equilibrar os colaboradores e as condições de trabalho, garantindo um ambiente mais seguro. Se não ocorrer mudanças nas condições de trabalho, há grandes chances de piora progressiva da doença.

Para a realização de um tratamento efetivo é necessário, entre outros, a investigação de fatores causais a partir do paciente. Para isso é importante identificar o histórico da queixa atual, avaliar o paciente de forma integral, bem como seus hábitos e comportamentos relevantes e, de fundamental importância, perguntar detalhes de como e onde o paciente trabalha, como é sua rotina e ambiente de trabalho, tanto do atual, quanto dos anteriores.