Doença por depósito de pirofosfato de cálcio (DPFC)

A Doença por depósito de pirofosfato de cálcio (DPFC), também conhecida por Pseudogota, é uma forma de artrite que causa dolorosas crises inflamatórias no tecido conjuntivo. 

O que causa a doença?

É causada pelo depósito de cristais de pirofosfato de cálcio na cartilagem da articulação. A presença desses cristais pode ser assintomática (sem sintomas) ou provocar uma intensa reação inflamatória na articulação afetada, desencadeando crises agudas de dor que, no longo prazo, podem resultar em degeneração da junta, calcificação da cartilagem e incapacidade de funcionamento. 

O motivo pelos quais tais cristais se formam ainda é desconhecido, mas muitos casos estão associados à traumas articulares, cirurgias e doenças endócrinas e metabólicas, como distúrbios na tireoide e paratireoide ou deficiências de enzimas envolvidas no metabolismo do cálcio e do fósforo. Outras doenças menos comuns associadas são Gota e raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X.

Quem é afetado? Quais os sintomas?

A doença é comum em idosos, homens e mulheres igualmente, e tem maior incidência a partir de 60 anos.

A forma aguda da doença, denominada pseudogota, tem como sintomas crises agudas ou subagudas de inflamação, que afetam mais as articulações periféricas, com maior frequência em joelhos, punhos, ombros, tornozelos e cotovelo. Em geral, afeta uma articulação por vez (monoartrite), mas pode manifestar-se em mais de uma articulação a mesmo tempo (poliartrite), embora seja raro. O quadro doloroso, com edema e rigidez, é rápido, podendo durar até 24 horas. Pode haver febre, queda no estado geral ou quadro leve de confusão.

A artrite inflamatória crônica é caracterizada por dor, rigidez matinal, limitação e fadiga. Afeta, de forma simétrica, membros superiores e inferiores, como punhos, cotovelos e joelhos. É denominada pseudoartrite reumatoide, por se assemelhar ao quadro da Artrite reumatoide.

Alguns pacientes têm um quadro de Osteoartrite acompanhada de DPFC, denominada pseudo-Osteoartrite, a forma mais comum da doença. Metade dos pacientes evoluem para alterações degenerativas e quadro de hipertrofia óssea, com dor e limitação de movimentos. Afeta, preferencialmente, joelhos, punhos, quadris, ombros, cotovelos e coluna.

Há ainda, outras manifestações, como a pseudoartropatia neuropática, que se caracteriza por um quadro de degeneração mais grave da articulação; ou a doença por DPFC assintomática, isto é, sem sintomas.

A doença pode, ainda, acometer a coluna vertebral, o que pode gerar dor, rigidez cervical, compressão da medula e anquilose (rigidez parcial ou completa de uma articulação). 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito a partir de exame de pesquisa de cristais, que são aspirados no líquido articular por meio de agulha (a análise do líquido sinovial). Quando não se pode fazer esse exame, o médico poderá solicitar exames de radiografia, tomografia ou ultrassonografia para que possa identificar e avaliar as cristalizações na articulação. Exames laboratoriais, como hemograma, ácido úrico, PCR, são solicitados para se avaliar a presença de outras doenças.

Qual o tratamento?

Ainda não há tratamento capaz de remover o acúmulo de pirofosfato de cálcio da articulação já afetada. Assim sendo, o tratamento consiste, para pseudogota, em aspiração do líquido articular, seguida de injeção de corticosteroide na articulação para diminuir a inflamação e a dor. Caso haja acometimento de duas ou mais articulações, pode-se utilizar também medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), além de colchicina para ajudar a prevenir novas crises. Outras medidas incluem aplicação de gelo e imobilização com talas.

No caso de pseudoartrite, o tratamento inicial, via de regra, se dá com um AINE e, se não houver resposta, colchicina. Alguns médicos prescrevem os DMARD convencionais hidroxicloroquina e, nos casos em que não há resposta, metotrexato.

O tratamento da pseudo-osteoartrite, via de regra, é o mesmo da Osteoartrite.

Fisioterapia, como exercício de fortalecimento muscular e de amplitude de movimento, também pode ser útil para manter a função da articulação. Cirurgia com colocação de prótese pode ser indicada quando há degeneração importante com comprometimento da função articular.

Apesar dos sintomas graves, a doença costuma ter um curso benigno, principalmente nas articulações de pequeno e médio porte.


Referências

ARTHRITIS FOUNDATION. Pseudogota (Enfermedad por Deposición de Pirofosfatos de Calcio (EDPC). Disponível em: http://espanol.arthritis.org/espanol/disease-center/pseudogota-enfermedad-por-deposicioacuten-de-pirofosfatos-de-calcio-edpc/. Acesso: 05/10/19.

MACHADO, Natalia P. Doença por deposição de pirofosfato de cálcio. In: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Barueri (SP), Manole, 2019, p. 381-386.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Pseudogota. Disponível em: http://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/pseudogota/. Acesso: 05/10/19.